Vivemos num país em que o mito da democracia racial foi amplamente difundido, esse mito nega a existência do racismo, afirma que as relações raciais se dão de forma harmônica. Esse mito, apesar de desmistificado, ainda faz parte da educação do brasileiro. Eu vejo que a expressão desse racismo, apesar de cinicamente ainda negado, são manifestações de algo que está desenvolvido nas entranhas sociais e políticas do nosso país. O racismo transcende o âmbito interpessoal, se estabelecendo também institucionalmente, como podemos facilmente observar ao analisar os dados do IBGE. Falar de consciência negra é falar da enorme contribuição – econômica, intelectual, cultural - da população africana e afro-brasileira para a construção do Brasil e da identidade brasileira. Consciência negra é entender os desdobramentos do racismo na vida da população Afrobrasileira e agir em direção a uma sociedade livre do racismo, é trabalhar para que a história africana e afrobrasileira seja verdadeiramente contada e bem interpretada dentro das nossas escolas e através da educação valorizar a identidade afrobrasileira. Consciência negra é entender o racismo estrutural e buscar integrar epistemologias africanas e afro-brasileiras. É entender a importância de conquistar reparação para os danos que o racismo causou e causa na nossa população.
Thaís Da Silva Teodoro, educadora antirracista e membro do coletivo Organização Negra de Alcance Nacial (Ondan)