SOB ESTUDO

Secretário de Cultura afirma que governo avalia liberar Carnaval no DF em 2022

Em sessão na Câmara Legislativa, secretário Bartolomeu Rodrigues declarou que governador Ibaneis Rocha quer viabilizar festividades no ano que vem. Contudo, opção é tratada como plano B, por enquanto

A mais de quatro meses para o próximo Carnaval, previsto para 1º de março de 2022, o assunto entrou em debate na Câmara Legislativa (CLDF). Em sessão da Frente Parlamentar em Defesa do Carnaval, o secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, afirmou que o governador Ibaneis Rocha (MDB) pretende garantir a folia caso a vacinação avance. Os dois integrantes do Executivo local teriam discutido o assunto no último fim de semana. 

"Não é só o desejo dele (do governador), é o desejo de todo mundo. Ele (Ibaneis Rocha) olhou para mim e perguntou: 'Você não quer o Carnaval não, Bartô?' Eu disse que quero. Ele está muito confiante e me disse para construirmos e prepararmos, mas isso vai depender do avanço da vacinação", disse o secretário.

No momento, o Governo do Distrito Federal (GDF) trabalha com dois planos: o "A", segundo Bartolomeu Rodrigues, é um 2022 sem a folia de Momo. O plano B, em fase de "desenho" pelo Executivo local, prevê a realização da festa. "Estamos mergulhados nisso0 como se fosse ter o Carnaval. Não vou detalhar, porque são estudos, e isso pode se reverter e criar uma falsa expectativa. Havendo a possibilidade de ter, vamos desenhar o Carnaval do século ou o ensaio dele em 2023", comentou o chefe da pasta de Cultura.

Vacina

Presidente da sessão convocada pela frente parlamentar, o distrital Fabio Felix (Psol) afirmou que a CLDF está comprometida com a campanha de imunização para viabilizar as festividades no ano que vem. "Vacina, vacina e vacina. Esta comissão está comprometida com o Carnaval, mas, também, com a vida das pessoas", afirmou o deputado na reunião, promovida nessa quinta-feira (18/11).

O subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Divino Valero, pontuou que a intenção da pasta é ter 90% da população com a imunização completa em janeiro. "A medida mais eficaz no mundo inteiro é a vacina. Quanto mais vacinados, menos internações e mortalidade", destacou.

Em 25 de outubro, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) publicou no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) uma portaria que prevê o investimento de R$ 5,4 milhões nos desfiles das escolas de samba em 2023. O evento não ocorre desde 2015, mas voltou ao radar do Executivo local. 

O vice-presidente da União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do Distrito Federal (Uniesbe), Adriano Galli, disse que a associação trabalha desde julho com a Secec para assegurar os desfiles em 2023. "As escolas estão prontas para se apresentar em 2022, caso tenha Carnaval ou eventos fora da cidade. Esse feriado, em especial, tem uma cadeia produtiva imensa, e gera arrecadação de impostos, receitas para empresas, profissionais locais: Carnaval é investimento, não despesa. Estamos há sete anos sem desfilar. Ninguém sabe o quanto é triste para nossos sambistas ver os desfiles do Rio de Janeiro, de São Paulo e saber que aqui não tem", comentou Adriano.

Infectologistas opinam

Ao Correio, a infectologista Joana D'Arc disse considerar difícil para o DF ter um Carnaval "normal", mesmo com uma ampla cobertura vacinal. "Ainda há um um grupo que resiste à imunização, mesmo com as evidências de segurança e eficácia. Isso leva ao acúmulo de pessoas vulneráveis, que podem manter um ciclo de transmissão da doença ativo. No Brasil, não há controle ou restrição para a circulação em locais de maior risco, como bares, restaurantes, festas. E não há a cobrança de (comprovante de) vacina ou teste RT-PCR. Se desejarmos ter uma folia segura, devemos seguir as recomendações sanitárias", observou a médica.

Para Ana Helena Germoglio, o ritmo de vacinação atual pode permitir um Carnaval seguro no DF. "É difícil prever, porque, três meses atrás, a taxa de vacinação não era tão alta. O mesmo serve para daqui a três meses. Se continuarmos neste ritmo, muito provavelmente, caso ocorram as festas, elas podem ser seguras", opinou a infectologista.

*Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio

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