Crime

Sargento da PM é investigado por agiotagem

Com empresas de fachada, grupo fazia extorsão e lavagem de dinheiro em valores milionários

Um sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi preso, ontem, após ser investigado por um esquema milionário de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. Segundo o delegado responsável pelo caso, Fernando Cocito, da Delegacia de Roubos e Furtos, o sargento Ronie Peter Fernandes da Silva, e o irmão dele, o empresário Tiago Fernandes da Silva, atuavam há pelo menos 15 anos em atividades ilegais.

Três carros de luxo e R$40 mil, em espécie, foram apreendidos com os suspeitos. Ronie e o irmão usavam três empresas de fachada: uma clínica estética, uma lanchonete de fast food e um mercado da família dos acusados. "As empresas funcionavam como mecanismo de dissimulação, trabalhavam com a operação de uma série de contas bancárias para trazer aparência de limpo para o dinheiro", explicou Cocito. Nos últimos seis meses, as empresas movimentaram pelo menos R$8 milhões.

As investigações começaram a partir de denúncias de vítimas que se sentiram coagidas com as ameaças do grupo ao não pagarem as parcelas dos empréstimos em dia. A PCDF também recebeu um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a irregularidade nas receitas das empresas.

Além dos irmãos, também foram presos quatro operadores financeiros do grupo, sendo um deles o pai dos irmãos. Outro suspeito continua foragido, em São Paulo. Os demais integrantes da quadrilha eram responsáveis pela sequência de transações e saques, em contas de empresas de fachada. Três deles também eram responsáveis pela ocultação dos valores da agiotagem, cedendo os nomes para o registro dos veículos de luxo, que pertenciam ao líder da organização criminosa, e eram usados para ocultar os lucros.

Segundo as investigações da PCDF, a cobrança de quem não pagava as prestações do empréstimo em dia era feita por meio de coação e ameaças, o grupo tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados. "Tivemos dificuldade em localizar os imóveis, porque estão, quase todos, em nome de terceiros. Muitos, inclusive, de vítimas que eram coagidas a entregar o imóvel e passavam procuração para os criminosos. Os veículos foram localizados por meio de fotos que eles postaram nas redes sociais e era possível ver a placa", aponta o delegado responsável pelo caso.

Nos últimos dois anos, o grupo criminoso adquiriu oito veículos de luxo da marca Porsche, cada um com valor aproximado de R$1 milhão e, nos últimos seis meses, movimentou mais de R$8 milhões. Durante a operação, três veículos foram apreendidos, eles estão avaliados em R$3 milhões. Também foram bloqueadas sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas, com o bloqueio e sequestro de R$8 milhões.

De acordo com o delegado, Ronie Peter, está de licença da PMDF por causa de um atestado e atuava na organização criminosa de forma integral, sendo essa sua principal fonte de renda. "Ele trabalhava com a agiotagem de manhã, de tarde e a noite. Dentro da PMDF ele está com atestado para tratamento de saúde, afastado mas recebendo subsídios", explica o investigador.