PANDEMIA

Covid-19: imunização completa alcança 70% da população acima de 12 anos do DF

Taxa da população acima de 12 anos que completou ciclo vacinal com duas doses contra a covid-19 chegou a 70,2% nessa quinta-feira (11/11). Secretaria de Saúde promoverá, em 20 de novembro, Dia D para alcançar público que não procurou postos de atendimento

O Distrito Federal ultrapassou, nessa quinta-feira (11/11), a marca de 70% da população acima dos 12 anos totalmente imunizada contra a covid-19. A próxima meta da Secretaria de Saúde (SES-DF) é alcançar, ao menos, 95% do público-alvo com as duas aplicações ou a vacina de dose única. Para isso, a pasta prepara uma força-tarefa em pontos estratégicos da capital. A ação, marcada para 20 de novembro, ocorrerá em 10 regiões administrativas, nos pontos de grande circulação de pessoas. O objetivo é alcançar quem, por algum motivo, ainda não compareceu às unidades básicas de saúde (UBS) ou aos postos drive-thru.

Os registros da SES-DF contabilizam 257.717 brasilienses nessa condição, quantitativo que engloba mais de 57 mil adolescentes entre 12 e 17 anos — 20% do total de pessoas nessa faixa etária no DF. Para atingir o público não alcançado até o momento, o novo mutirão ocorrerá em duas frentes. A primeira terá equipes volantes nas ruas para atender a população com mais de 18 anos que não iniciou o ciclo vacinal. Os mais novos deverão se dirigir a UBSs específicas, onde haverá aplicação de imunizantes da Pfizer/BioNTech e das doses de reforço — segunda (D2) e terceira (D3).

Os locais e horários de funcionamento dos pontos volantes estão em fase de definição. O subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, afirmou que os administradores regionais vão repassar à SES-DF os endereços dos respectivos pontos de maior circulação de pessoas nos fins de semana. Com essas informações, a pasta detalhará onde os profissionais atuarão. Mesmo assim, a previsão é de que o atendimento ocorra perto das UBSs. "Dessa forma, se um adolescente passar por nossas equipes (volantes), ele poderá ser direcionado para receber a vacina na unidade mais próxima", destacou Valero, em coletiva de imprensa nessa quinta-feira (11/11).

Planejamento

Na avaliação da pasta, o momento é ideal para a promoção de uma iniciativa desse porte. A secretaria tem doses suficientes para fazer a busca ativa, segundo o subsecretário, e planeja ampliar o alcance da campanha de imunização contra a covid-19 no DF com mais ações desse tipo. "Minha expectativa é de que cheguemos, minimamente, a 95% da população vacinada. Assim, teremos uma cobertura vacinal ideal", ressaltou Divino Valero. "Quanto mais pessoas vacinarmos, mais conseguiremos garantir que, se houver uma terceira onda, por exemplo, ela não passe de uma marola."

O Dia D terá mais de 100 profissionais da saúde, mobilizados em cerca de 30 pontos de aplicação dos imunizantes. As regiões administrativas que contarão com a força-tarefa são Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Planaltina, Plano Piloto, Samambaia, Santa Maria, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e Taguatinga.

Na ação volante, as equipes vão orientar quem está no prazo para tomar a segunda dose, bem como orientar idosos e profissionais de saúde que completaram o ciclo vacinal há, no mínimo, seis meses a procurar uma UBS. Quem estiver apto a receber a primeira dose (D1) será vacinado no posto móvel. Basta apresentar documento com foto e número do CPF. O sistema que fará o cruzamento de dados para fins de cadastro e controle do público atendido é o mesmo usado atualmente pela SES-DF.

Até quinta-feira (11/11), a capital federal tinha 2.265.422 milhões de pessoas vacinadas com a D1. Desse total, 1.693.199 concluíram o ciclo — 70,2% do público com mais de 12 anos, parcela apta a receber as doses. Para a infectologista Ana Helena Germoglio, o ritmo de vacinação do DF melhorou nos últimos meses. "O grande problema que existe é na faixa dos adultos jovens. Uma parcela não buscou as doses por achar que a situação está resolvida ou por pensar que, caso pegue a covid-19, não vai desenvolver a forma grave da doença", avalia a médica, que defende campanhas frequentes de busca ativa.

Dos pacientes internados atualmente nos hospitais de campanha, 80% não tomaram sequer a D1. Os outros 20% estão com ciclo vacinal incompleto. "Os números só confirmam a importância da imunização. E, se as pessoas continuarem não se vacinando, poderemos ter uma variante nova e novos surtos da doença", destaca Ana Helena.

2,26 milhões

Pessoas com mais de 12 anos vacinadas com a primeira dose

1,69 milhão

Público acima de 12 anos que completou o ciclo vacinal

257 mil

Brasilienses que não tomaram qualquer dose contra a covid-19

Transmissão estabilizada

A taxa de transmissão da covid-19 no Distrito Federal se mantém estável. Nessa quinta-feira (11/11), o indicador ficou em 0,69 pelo segundo dia consecutivo. O resultado é o menor registrado neste ano e demonstra que cada grupo de 100 infectados pelo novo coronavírus é capaz de transmiti-lo para, em média, outros 69 indivíduos.

No entanto, o DF apresentou leve crescimento na quantidade de casos da doença. O mais recente boletim epidemiológico diário divulgado pela Secretaria de Saúde registrou 146 novos casos da covid-19 — sete a mais que os confirmados na quarta-feira (10/11). Apesar da soma de quinta-feira (11/11), a média móvel referente aos últimos sete dias teve queda de 41,8% na comparação com o verificado duas semanas antes. O total de infecções chegou a 516.340.

Em relação às mortes, a pandemia fez 10.947 vítimas na capital federal. Nove delas entraram para a estatística da pasta na quinta-feira (11/11), após a confirmação dos óbitos — ocorridos entre 7 de setembro e 10 de novembro. A média móvel também fechou a quinta-feira em queda e foi 38,9% menor que a de 14 dias antes.

Três perguntas para

Wildo Navegantes, professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB)

Como você avalia o ritmo de vacinação contra a covid-19 no DF?

O ritmo atual de vacinação, seja com a primeira ou a segunda dose para quaisquer idades, não passa de 1% ao dia em uma unidade federativa relativamente pequena. A oferta de vacina precisa chegar às casas das pessoas, pois, a comunidade nem sempre tem condições de buscar pontos drive-thru ou centros de saúde, seja pela falta de transporte ou de tempo. As estratégias de visitas às casas seria o ideal, com um "arrastão da vacina" nas comunidades. Além disso, faltam negociações com associações, sindicatos e entidades para que essas instituições negociem meios de dinamizar a oferta das vacinas para funcionários, para o público em eventos, para escolas.

Será possível um réveillon sem máscara?

O olhar da ciência me propõe que recomendemos cautela. Estamos em pleno espalhamento da variante Delta no DF, a cobertura vacinal não é tão alta, e o fluxo de pessoas de outros países permanece. Os voos estão cheios, pois somos um hub com trânsito nacional e internacional de pessoas, devido ao fato de se tratar da capital do país. Recomendo paciência, prudência, máscaras, álcool em gel, vacinas. O vírus não vai dar trégua se não nos ajudarmos. A situação está crítica na Turquia, em algumas partes dos Estados Unidos... A pandemia não acabou.

Para 2022, a população pode esperar o retorno à vida pré-crise sanitária?

Espero que tenhamos aprendido com a pandemia. Por que não usar máscara se você estiver com sinais de gripe? Por que não continuar higienizando as mãos? Por que, ao tossir, não colocar o canto do braço flexionado à frente da boca? Por que ir para uma sala de aula, por exemplo, sem que os envolvidos estejam obrigatoriamente vacinados? Temos de nos preocupar com todos. Meu direito de não me vacinar não é maior que o direito de proteger os demais. Espero que tenhamos aprendido que o cuidado de si e das pessoas passa por mudanças de hábitos. Se voltarmos ao que era antes, será como não termos aprendido nada.