O milagre da educação

Estampada na capa de quinta-feira (04/11) do Correio, a foto de alunos, professores e funcionários do CEM 404 de Santa Maria é um "choque" de esperança para este país. De braços para o alto, eles festejam uma vitória que parecia impossível. A escola teve 26 estudantes aprovados para a Universidade de Brasília (UnB) pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), revelou a reportagem do sempre atento Eu Estudante, núcleo do jornal que cobre educação. E por que uma notícia assim nos emociona?

Emociona porque o ensino público foi uma das áreas mais atingidas pelos efeitos da pandemia de covid-19. Dois anos letivos estão praticamente perdidos. É uma dura realidade que o Brasil precisa tomar consciência o mais rápido possível, para que providências urgentes possam ter tomadas. Nas regiões mais pobres, sem as aulas presenciais, o ensino remoto não foi capaz de atender com dignidade uma geração de crianças e adolescentes. Não havia recursos: nem todos tinham acesso à internet.

Em Santa Maria, contou a reportagem, houve esforço redobrado de alunos e professores. Criatividade e, acima de tudo, boa vontade, fizeram a diferença. Esses jovens, agora, vão para a UnB. Uma vitória, uma alegria em meio ao caos que reinou neste país nos últimos 18 meses.

Resgatar o ensino público é missão urgente. Responsabilidade que não cabe apenas às autoridades. Professores, pais, comunidade, todos precisam se engajar nessa reconstrução. Não sairemos do zero, mas quase. Muito se perdeu. Com a pandemia em seus últimos capítulos — sim, a vacina está nos salvando —, a educação é prioridade.

Fui alfabetizado em escola pública, no Rio de Janeiro. Ainda hoje converso por telefone — acreditem! — com minha primeira professora. A Tia Madá, do colégio Anita Garibaldi, na Ilha do Governador, virou amiga da família. Em Brasília, estudei na Escola Classe 102 Norte, no Elefante Branco, no Cean e no CIL.

Também passei por escolas particulares, quando o dinheiro lá em casa permitia. Por que conto isso? Porque hoje consigo dimensionar as dificuldades do ensino público, embora meus filhos não estejam nele. E sei que é possível vencê-las, como fizeram os meninos e os professores do CEM 404 de Santa Maria.

Demoramos muito para voltar às atividades presenciais. As crianças têm que estar na escola, urgentemente. Todas elas. E para isso, é preciso diálogo. Radicais de ambas as partes devem fazer uma trégua. Há esperança, como provou a escola de Santa Maria. Um abraço aos novos universitários!