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História em cédulas e moedas: Brasília recebe encontro nacional de colecionadores

Capital federal recebe o evento neste fim de semana, com programação especial para a criançada. Atividades, em hotel ao lado da Torre de TV, serão gratuitas e abertas para todo o público

Os apaixonados e curiosos em selos antigos, cédulas e moedas têm uma programação especial, nesta sexta-feira (5/11) e no sábado (6/11), no Hotel Mercure Líder, ao lado da Torre de TV. Em comemoração aos 25 anos de funcionamento, a Loja do Colecionador promove o Encontro Nacional de Colecionadores, que pretende reunir 50 expositores e receber, pelo menos, 800 visitantes.

A programação conta com o lançamento do Catálogo de Moedas 2022 Bentes e com atrativos, inclusive, para o público infantil, que receberá de brinde um kit selo (lupa, pinça e selos). "Brasília é uma cidade importante nesse universo, ficamos atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. E esse tipo de evento tem um papel em fomentar a cultura e a história da Numismática, pois, por meio dela, conseguimos trabalhar um pouco da política, da economia, da geografia e diversos outros assuntos", destaca Gilberto Cavalini, 36 anos, organizador do evento.

Para quem não conhece a riqueza do mundo dos colecionadores, Gilberto explica algumas terminologias: "Numismática é o estudo das cédulas e moedas, enquanto filatelia é o estudo dos selos". Gilberto começou colecionando latinhas de refrigerante e bonés. "Hoje, tenho coleções de relógio e cédulas de polímero, e algumas moedas de prata do Brasil", revela.

De acordo com Rubens Cavalcante, presidente da Associação Filatélica Numismática de Brasília (AFNB), o multicolecionismo é uma vertente que tem espaço para crescer na capital do país. "As pessoas têm interesse em múltiplas coleções: de carrinhos, tampinhas de garrafa e coleção militar, por exemplo. Acho que o que ajudou as pessoas a se interessarem mais por coleções foram as moedas das Olimpíadas de 2016. Acredito que ano que vem, devido ao bicentenário da independência, haverá também algum tipo de moeda comemorativa", avalia.

Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Gilberto Cavalini: o evento tem um papel em fomentar a cultura da numismática
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Gilberto Bailão, colecionador que chegou à cidade nos anos 1990
Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Francisco Salmito mostra as raridades de moedas: valorização com o tempo

Interesse

Gilberto Bailão, 79, se interessou pelo mundo dos colecionáveis aos 16 anos, quando um amigo o presenteou com moedas de prata. Desde então, o hobby cresceu e virou até negócio da família. Hoje, ele se orgulha dos itens que reuniu ao longo da vida e das viagens e encontros nacionais dos quais participou. "Comecei a conhecer o Brasil todo devido aos eventos. Antes da covid-19, chegava a viajar até seis vezes por ano para outros estados. Sou conhecido por gente em quase todo o país, a gente constrói muita amizade nesse ramo", revela.

A Loja do Colecionador nasceu do sonho de Gilberto Bailão, natural de Itaberaí (GO), que chegou ao DF em 1973. A empresa foi fundada no Brasília Rádio Center, em 1996, e, desde então, ele se dedica a transmitir a mesma paixão para novas pessoas. "Quando cheguei, vi que era um ramo que não tinha aqui no DF e, desde então, estamos aqui. Diariamente, recebemos gente curiosa aqui na loja, querendo conhecer ou vender moedas", conta.

Gilberto se orgulha de mostrar sua nota de duzentos mil réis e duas notas de 50 mil réis, uma delas em Flor de Estampa, classificação dada a cédula perfeitamente preservada. O entusiasta explica que para verificar o valor de um item, os colecionadores se baseiam em livros que catalogam as moedas e cédulas de determinado país e estipulam seu valor, com base no estado de conservação.

Francisco Salmito, 75, morador de Recife e comerciante, veio de Pernambuco exclusivamente para o Encontro Nacional. "Há quase 19 anos, participo de todos os encontros que acontecem nas capitais dos estados. Aos mais importantes, eu sempre vou. Ao todo, chegam a acontecer cerca de 12 eventos por ano", revela.

O interesse por colecionar começou ao acaso, quando aos 15 anos encontrou duas moedas de prata em sua casa. "Era menino, nessa época, não trabalhava. Com 19 anos comecei a trabalhar e a comprar moedas. É uma atração, como uma pessoa que gosta de futebol e vai todo fim de semana para o estádio. Além da riqueza que esse conteúdo traz. Você encontra figuras históricas e importantes para o país nas cédulas e moedas, e isso proporciona um estudo da geografia e história daquela região, é uma atividade educativa. Além disso, colecionar representa um investimento, porque os itens, se bem conservados, se valorizam", avalia.

No entanto, Francisco destaca que falta incentivo para fortalecer a cultura numismática. "O Brasil poderia realizar a emissão de mais cédulas comemorativas, mostrando a riqueza do nosso país, com o que temos de artistas importantes e riquezas naturais, por exemplo", destaca. O colecionador salienta que a moeda mais valiosa da numismática brasileira é a chamada Peça da Coroação. "Em 1822, foi fabricada essa peça para ser entregue ao corpo diplomático de Dom Pedro I. Foram fabricadas 64 moedas, mas, hoje, temos apenas 16 moedas conhecidas. Elas chegam a valer R$ 1 milhão, devido à raridade", conta.

Redes sociais

O mercado de colecionadores cresce inclusive nas redes sociais. Quem utiliza o recurso é José Silva, 33 anos, empresário e morador da Asa Norte. Pelo perfil do Instagram Planeta das Moedas, José divulga cédulas para venda em seus stories toda terça-feira e quinta-feira, às 20h. Ele começou a colecionar com 8 anos e o plano era ter somente algumas cédulas de países específicos, no entanto, a paixão cresceu e, atualmente, José possui cédulas de 208 países, inclusive de alguns já extintos.

“Só faltam cédulas de 11 países para completar o globo. O objetivo sempre é encontrar a cédula no melhor estado de conservação possível, as que chamamos de Flor de Estampa, que não tem dobra nem amassados”, frisa. José já chegou a pagar R$9mil na aquisição de um item. “Gosto particularmente das cédulas da África, que possuem cores vivas”, detalha, enquanto mostra o álbum para à reportagem.

José possui na coleção uma nota da França de 1792 e 1793. "Por ser papel é muito fácil de se desgastar, então é difícil delas serem encontradas hoje. Para conservar, compramos folhas (plásticas) mais resistentes e colocamos em álbuns específicos, porque quando ela ganha uma dobra em um cantinho, ela perde metade do seu valor”, destaca. José conta que o mercado Numismático de Brasília ainda tem espaço para ser explorado e que, por semana, chega a vender entre 150 a 200 cédulas pelo perfil do Instagram.

Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - 04/11/2021 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF Encontro nacional de colecionadores. Gilberto Cavalini, Sr. Gilberto Bailão e Sr. Francisco Salmito (camisa azul)

 

Saiba Mais

Programação

Horário: das 9h às 18h

Local: hotel Mercure Líder, ao lado da Torre de TV, no Setor Hoteleiro Norte

Entrada: gratuita e livre

  • Sexta-feira (5/11)

9h - Abertura do Encontro e acesso ao público

10h- Lançamento do novo Catálogo de moedas 2022 — Bentes

10h - Oficina infantil Dinheiro no tempo — Arte mirim (Telma)

12h - Almoço livre

15h - Oficina infantil Dinheiro no Tempo — Arte Mirim (Telma)

18h - Encerramento das atividades na feira

  • Sábado (6/11)

9h - Abertura do salão ao público

10h30 - Oficina infantil Como surgiu o dinheiro? (José Gomes)

11h - Cerimônia de agradecimento

12h - Almoço livre

15h30 - Oficina infantil Como surgiu o dinheiro? (José Gomes)

18h - Encerramento das atividades na feira