A Secretária de Estado de Educação do Distrito Federal (SED-DF), Hélvia Paranaguá, foi a entrevistada do CB.Poder desta quarta-feira (3/11) — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília. Na bancada, a conversa foi conduzida pela jornalista Ana Maria Campos. De acordo com a chefe da pasta, as taxas de transmissão da covid-19 caíram, o que torna o momento propício para a volta às aulas. “Os dados são muito bons e também tivemos todos os cuidados em relação à segurança dos professores e colaboradores. Estamos cumprindo os protocolos em todas as escolas”, afirmou.
Hélvia Paranaguá destacou que as escolas estão prontas desde agosto, quando começou o retorno presencial gradual na rede pública do Distrito Federal com o ensino híbrido, em que metade da turma ia para a escola e a outra metade assistia às aulas de casa, alternando-se a cada semana. “O que aconteceu agora foi unir o que estava separado”, disse.
As aulas 100% presenciais da rede pública de ensino retornaram nesta quarta-feira (3/11) em todo o DF. Durante a manhã, a secretaria de educação visitou algumas escolas no Gama, e, segundo ela, o que encontrou foi muita alegria por parte dos estudantes. “Hoje as turmas puderam retornar depois de quase dois anos sem encontrar seus colegas. A escola é o momento ideal para eles estarem agora.”
Contra a decisão da Secretaria de Educação, o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), em protesto contra a volta total das atividades presenciais, convocou um ato em frente à sede da pasta, juntamente com uma paralisação. O sindicato acredita que há salas com pouca ventilação e espaço pequeno para realização das aulas. Segundo Hélvia, a quase totalidade das salas de aula têm 48m², o suficiente para garantir o espaçamento. A secretaria afirmou, ainda, que os professores que aderirem à greve terão o ponto cortado.
“O número de crianças que ficaram sem aula é bem significativo. O Sinpro alega insegurança, mas a gente não tem mais como esperar. A criança precisa retomar a rotina. Ela fica cinco dias na escola e nove em casa, essa quebra de orientação é ruim em todos os sentidos, principalmente no processo de aprendizagem, que é interrompido. A semana que ela fica em casa, a aula é uma aula remota, mais assistida por tecnologia. Leva atividade para fazer em casa, não é aquela aula como é a ideal, discutindo, debatendo e tirando dúvidas com o professor”, disse a secretária.
Educação na pandemia
Hélvia destacou que o Brasil, juntamente com o México e com a Argentina, foi um dos países que ficou com as escolas fechadas por mais tempo, o que resultou numa perda pedagógica muito grande. “A pandemia veio e agora chegou a conta, que é mais pesada nas escolas. As crianças que iniciavam o processo de alfabetização antes da pandemia regrediram, agora vamos trabalhar para recuperar essa aprendizagem dos nossos estudantes. Não é fácil, mas estamos pensando de forma positiva”, apontou.
Questionada sobre os estudantes que ficaram totalmente sem aulas, uma vez que a maioria das escolas não tinha o suporte necessário para as aulas virtuais, a secretária lamentou e disse que a rede pública de ensino enfrenta uma série de problemas de internet, ainda mais nas áreas rurais. “O que consideramos no DF foi a aula remota mediada por tecnologia. O professor fazia vídeo com a matéria e mandava para o estudante, levava material impresso, distribuía com os pais. Não teve um único sistema, por isso, esse resultado vai ser diferente em cada escola, as que tinham a tecnologia mais avançada vão alcançar no remoto mais do que as que não tiveram. E vamos ter que fazer uma intervenção bem pesada para reforçar o que foi mais penalizado”, garantiu.
Evasão escolar
Uma das questões que preocupam a Secretaria de Educação é a evasão escolar dos alunos. Segundo Hélvia, a pasta ainda está fazendo o levantamento, mas alguns dados já apontam a desistência, principalmente de crianças em situação de vulnerabilidade social. “Há muitos meninos do ensino médio que foram trabalhar porque o pai ficou desempregado. Alguns também que recebiam o bolsa família e outros programas sociais não retornaram à escola e vamos fazer uma busca ativa para trazê-los de volta. Antes, a presença escolar era fundamental para o recebimento do benefício, como nesse período não houve essa exigência, eles evadiram e abandonaram a escola”, diz.
Covid-19 na rede pública
De acordo com a secretária, desde o retorno gradual, em agosto, 482 professores contraíram covid-19, sendo que três morreram. Entre os alunos, não houve nenhum caso fatal, mas cerca de 800 estudantes apresentaram a doença.
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