Um homem acusado de assassinar a namorada, uma jovem de 19 anos grávida de quatro meses; a enteada, de 2 anos e 9 meses; e um fazendeiro — todos em Corumbá (GO) — está foragido desde domingo. Ontem, ao longo do dia, as polícias Militar (PMGO) e Civil de Goiás (PCGO) deslocaram mais de 70 pessoas para participar da operação de buscas por Wanderson Mota Protácio, 21, suspeito de cometer os três homicídios.
O crime chocou moradores do município, localizado a 124km de Brasília. Os trabalhos duraram mais de 10 horas, entre as cidades goianas de Corumbá, Alexânia, Abadiânia e Anápolis, e terminaram por volta das 20h de ontem. Durante a operação, que continuará hoje, as equipes contaram com auxílio de helicópteros e cães farejadores.
Nem a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) nem a PCGO se manifestaram sobre a operação. No entanto, a PMGO divulgou detalhes do crime. A corporação informou que Wanderson assassinou a namorada e a enteada a facadas, dentro da casa onde os três moravam, em uma área de fazendas conhecida como Congonhas dos Alves. Na sequência, o fugitivo cometeu mais crimes em propriedades próximas.
Na fazenda do patrão, onde trabalhava como pedreiro, o acusado furtou um revólver com seis balas. Em seguida, invadiu uma propriedade vizinha e matou Roberto Clemente de Matos, dono do imóvel. Wanderson ainda tentou estuprar a esposa da vítima, uma mulher de 45 anos, que foi baleada no ombro e só conseguiu escapar porque se fingiu de morta.
Socorrida, ela foi levada para um hospital público da região. Para fugir, o acusado furtou a caminhonete de Roberto, segundo a Polícia Militar. No entanto, o veículo foi encontrado a alguns quilômetros dali, na GO-225. Há indícios de que ele tenha tomado um táxi em Alexânia, rumo a Abadiânia.
Wanderson cometeu crime semelhante, em 8 de dezembro de 2019, e foi preso por tentativa de feminicídio contra a cunhada do pai dele. O caso ocorreu em Goianápolis (GO), e a vítima recebeu diversos golpes de faca nas costas, mas sobreviveu. O agressor teria discutido com a vítima após chegar em casa, sob efeito de álcool e outras drogas. Lá, ele ameaçou a vítima e a obrigou a entrar em um quarto com ele. Após as negativas, ele tentou matá-la.
O assassinato só não ocorreu porque a faca usada na ação quebrou. O criminoso acabou detido, mas foi liberado da Unidade Prisional de Goianápolis em março de 2020.
Velório
Em clima de comoção e dor, parentes e amigos de Raniere Aranha velaram o corpo da jovem no fim da tarde de ontem, no Cemitério São Miguel, em Corumbá. A bebê Geysa Aranha, filha de Raniere, também foi morta a facadas por Wanderson. "É uma dor muito grande. Ela (Raniere) era uma pessoa muito feliz, tranquila, e todos gostavam da companhia e da amizade dela", desabafou um primo da jovem, que pediu para não ter o nome divulgado.
Amiga de infância de Raniere, Camila Ferreira, 21, conta que a vítima nunca comentou sobre agressões sofridas pelo namorado. Por isso, não desconfiava de problemas na relação do casal. "Eu a vi na sexta-feira, mas ela precisou ir embora logo, pois disse que ele (Wanderson) a chamou para casa. Nós duas nos vimos rápido, mas ela parecia estar tão feliz", relatou Camila. Os sepultamentos da mãe e da filha estão marcados para a manhã de hoje.
Colaborou Cibele Moreira
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