Consciência Negra é uma reflexão da nossa história, resistência e luta. O dia, por outro lado, ainda não pode ser visto como data comemorativa. Não há um cenário confortável para comemorar sem a real intenção de fortalecer o movimento. Quando refletimos a atualidade e a história passada do Brasil, vemos algo que ninguém admite: a maioria da população é negra. Mas essa maioria não ocupa posições que são privilégios da elite branca. Por que? Talvez o incômodo em ter um preto liderando uma empresa, um departamento, ocupando posições de poder e prestígio social. O racismo velado, que todos veem mas não enxergam. Que reconhecem a existência, mas preferem não assumir. O silêncio é gritante. A indiferença é marcante nessa luta representada pelo 20 de novembro. Precisamos de políticas públicas para entender que existe uma estrutura que não dá condições para que o negro conquiste seu espaço. A fala parece repetitiva, mas necessária. Esse pensamento ecoa há anos quando o assunto é a igualdade racial, mas o progresso é lento ou praticamente nulo. A Consciência Negra de hoje serve como dia de personificar o negro como figura de desataque, um grande protagonista, mas que depois, no dia seguinte, volta ao seu antigo espaço - muitas vezes de esquecimento. Hoje a maior Consciência é reconhecer a luta em todos os dias do ano. Fora dos palcos, telas, cartazes e mídias existem pretos que lutam por sua sobrevivência. São pessoas que enfrentam uma matilha por dia para sobreviver ao sistema que a oprime por sua cor de pele.
Dai Schmidt, idealizadora do Desfile Beleza Negra