Comandada pela deputada Érika Kokay (PT), a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados promoveu um debate com objetivo de discutir formas de combate à intolerância e ao racismo religioso, na manhã desta sexta-feira (19/11), no Plenário 8 da casa.
A parlamentar relembrou que no dia 26 de agosto deste ano, a Praça dos Orixás foi alvo da ação de vândalos, que depredaram uma das esculturas que representam as divindades africanas. Por meio da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa, ou com Deficiência (Decrin) a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) segue responsável pelo caso, mas ainda não identificou os possíveis culpados.
“Esse vandalismo que ocorreu não foi o primeiro. Tivemos vários ataques às representações dos orixás, às obras que compõem a praça, e há muito tempo lutamos pela revitalização daquele espaço, para que ele possa ser cuidado e monitorado com a responsabilidade das entidades que representam os povos tradicionais de matriz africana”, disse a deputada.
Foram convidados para discutir o assunto a administradora regional de Brasília, Ilka Teodoro, o secretário da Casa Civil do DF, Gustavo do Vale Rocha, a representante da Subsecretaria de Políticas de Direitos Humanos e de Igualdade Racial do Distrito Federal, Adna Santos, o presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno, Rafael Moreira, entre outros.
Respeito
“Nós aqui em Brasília temos passado por muito preconceito, principalmente na “prainha”. Entra governo e sai governo e o local continua da mesma forma. Todos que passaram pelo poder prometeram fazer uma revitalização, mas ninguém fez. Cerca de 50 mil pessoas passam por lá, mas o povo precisa dar uma resposta a altura”, ressaltou Adna Santos, yalorixá mãe baiana de Oyá, representante da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro).
Líder do candomblé brasiliense, Adna compareceu ao plenário com objetivo de lutar contra o racismo religioso do qual a baiana vivenciou de perto, em 2017, quando seu terreiro foi queimado e depredado. Segundo a moça, é importante que exista uma campanha nacional para gerar discussões e conscientização sobre o tema.
De acordo com dados divulgados pela Decrin, 59,42% dos crimes de intolerância são contra as religiões de matrizes africanas. No Distrito Federal há cerca de 300 terreiros, sem contar as unidades existentes no Entorno. Segundo informações do Ministério de Direitos Humanos, entre 2011 e 2018, 47 denúncias de intolerância foram feitas. Isso dá uma média de 5,7 denúncias por ano.
A deputada Érika Kokay destacou que o cidadão está desacreditado com o poder público, em relação às políticas de enfrentamento. “Sabemos que esse número é maior, porque muitas pessoas não denunciam. Elas acreditam que não terão resposta do próprio estado. Quando falamos de tolerância, nós queremos que isso venha acompanhado de respeito, homenagens e comemorações de nós termos tantas religiões de matrizes africanas”, falou a petista.
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