Estatisticamente, mulheres passam por mais desafios diários em busca do sucesso do que os homens. Desigualdade salarial, dificuldades para liderar simultaneamente uma família e equipe de trabalho e falta de confiança são alguns problemas recorrentes. No entanto, muitas mulheres estão contribuindo para mudar esse dado. O número de mulheres empreendedoras no Distrito Federal tem chamado a atenção.
No DF, 113 mil mulheres eram donas de negócios próprios no último trimestre de 2020, de acordo com uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No Brasil, estima-se que existam mais de 8,6 milhões de mulheres à frente de micro e pequenas empresas. O número é 13.53% menor que o do ano anterior, onde 9,9 milhões de mulheres tinham um empreendimento. No entanto, 2019 foi o ano que registrou mais mulheres empreendedoras, cerca de 20% a mais do que em 2016.
Hoje, no dia em que se comemora o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, o Correio destaca histórias de mulheres que decidiram ir à luta, apesar das dificuldades e preconceitos, como é o caso da mecânica Ágda Oliver, 41 anos. Bancária, ela largou tudo para abrir a própria oficina mecânica que atendesse a mulheres. "Depois que comprei meu primeiro carro, comecei a passar por situações bem constrangedoras em oficinas. Eu não sabia o que estava pagando, e uma vez eu gastei um absurdo. Foram cobradas peças que nem existem no meu carro", relata. A partir daí, ela começou a estudar mais sobre mecânica e tomou gosto.
Conversando com outras mulheres, ela identificou que muitas pessoas passam pelo mesmo problema. "Quando eu encontrei o curso de mecânica no Sebrae, foi quando considerei mudar de profissão. Questionei como pode não ter algo para nós mulheres. Tantas dirigindo, e quem cuida do carro delas? Foi quando decidi abrir uma mecânica que atendesse as mulheres e prestasse um serviço de qualidade e que elas entendessem." Foram dois anos de muito estudo e pesquisas até a abertura da tão sonhada oficina.
Dificuldades
Coordenadora do programa de desenvolvimento Sebrae Delas Mulher de Negócios, Renata Malheiros destaca as dificuldades culturais que tornam a vida da mulher empreendedora mais difícil. "São coisas colocadas na cabeça delas desde criança, como "oficina não é lugar de mulher", "astronauta é coisa de menino". São muitos os preconceitos que refletem hoje, tanto que as áreas onde as mulheres mais empreendem são: alimentos, beleza e moda. Cadê as mulheres na ciência, robótica e tecnologia? Por que vemos tão poucas mulheres? Porque tem essa limitação desde criança", analisa.
Fundadora da Impact Hub Brasília (do ramo de coworking), a economista Deise Nicoletto, 35 anos, depois de uma carreira dedicada a desenvolver negócios para empresas, sentiu necessidade de trabalhar em um nicho que gerasse, ao mesmo tempo, sustentabilidade financeira e também resolvesse problemas sociais. "Foi quando eu descobri a Hub, em São Paulo. Esse empreendimento me proporcionaria uma estabilidade financeira e também ajudar pessoas", conta. A jornada de empreender sendo mulher não foi nada fácil, mas, ela afirma que gerou muito autoconhecimento e crescimento, pois aprendeu a lidar com abusos e a ter mais autoridade.
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