Preso na operação Cáfila, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o policial militar reformado Nilton Barbosa Lima, apontado como um dos integrantes do Comboio do Cão, a maior facção do DF, mantinha em casa, em Brazlândia, milhares de munições na sala de estar e as armazenavam em caixas e sacos grandes. O Correio revelou que o servidor seria um dos fornecedores de armas e munições da facção. Além dele, investigadores da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Decor) prenderam mais 14 pessoas.
O Correio teve acesso com exclusividade aos autos do processo, que detalham a quantidade de itens apreendidos na casa do PM. Ao entrarem na residência, os policiais logo se depararam com 46 caixas contendo cerca de 2,3 mil munições de armas .40, .38, .22 e .32. Havia, ainda, mais de 230 munições acondicionadas em sacos grandes e mais de 100 munições em embalagens (blister), além daquelas avulsas, que somam mais de 150. A PCDF também apreendeu uma espingarda.
Na casa do PM tinha, ainda, dois cofres, sendo que um deles continha diversos documentos e o outro guardava R$ 13.662. Para a polícia, Nilton não soube explicar o porquê armazenava tantas munições no imóvel e, na delegacia, preferiu manter silêncio. A reportagem tenta contato com a defesa do PM. O espaço permanece aberto para manifestações.
Ligação
No decorrer das investigações, comprovou-se o vínculo do militar com um homem apontado como o armeiro da facção. Além da troca de mensagens entre os dois, a polícia identificou comprovantes de depósito das negociações de armas e munições.
Preso em flagrante, Nilton está entre os 15 detidos na operação da PCDF. Ele ingressou na PMDF em 1993 e se aposentou como soldado por questões de saúde. O militar recebia, em média, cerca de R$ 6,5 mil por mês.
Além do PM, outros dois homens que teriam assumido o comando da facção depois da prisão de Wilian Peres Rodrigues, o Wilinha — capturado em abril deste ano em Paranhos (MS), depois de ficar dois anos foragido. Segundo o delegado à frente do caso, Adriano Valente, um deles era responsável por abastecer as munições e outro era encarregado de cuidar da área financeira da organização.
Os mandados foram cumpridos nas regiões do Riacho Fundo, de Samambaia, do Recanto das Emas, do Gama, do Paranoá e de Águas Claras, além de cidades do entorno do DF, como Luziânia. Nas casas dos criminosos, a polícia encontrou mais de 20 armas, como pistolas, revólveres e espingardas, sendo algumas com seletor de rajada (dispositivo que acelera o disparo das munições), cerca de 10 mil munições de diversos calibres, três carros de luxo, além do sequestro de imóveis.
O grupo agia para trazer drogas e armas da região fronteiriça do país. Além disso, as investigações revelaram mecanismos de levantamento e identificação de inimigos para garantia do domínio territorial e atos de lavagem de capitais, tais como a aquisição de móveis e imóveis em nome de terceiros.
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