Após dois dias de julgamento, o Tribunal do Júri de Taguatinga condenou as cinco acusadas de assassinar Ágatha Lios, em janeiro de 2017, dentro de uma agência dos Correios em Taguatinga. Uma testemunha de defesa mentiu aos jurados e ao juiz-presidente do Júri durante o depoimento, virou alvo de inquérito da Polícia Civil e vai responder por ter faltado com a verdade.
Durante os dois dias de julgamento, a defesa das rés apresentou recursos na tentativa de derrubar as qualificadoras do crime incluídas na denúncia ofertada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT). Entre elas, crime cometido por motivo torpe, de modo que impossibilitou a defesa da vítima e praticado em local público. O assassinato foi motivado pela disputa de um ponto de prostituição.
Condenação
O Conselho de Sentença, formado por sete pessoas do povo, escolhidas por sorteio horas antes da sessão de julgamento, considerou que Lohanny, Samira, Bruna, Letícia e Carol agiram de forma que impossibilitou a defesa da vítima e mantive as qualificadoras do MPDFT. Coube, então, ao juiz-presidente do Tribunal do Júri, João Marcos Guimarães Silva, fixar a pena das cinco mulheres.
Entre as condenadas, Letícia Oliveira Santos foi a que recebeu a maior pena pelo assassinato de Ágatha Lios: 23 anos de reclusão por homicídio qualificado, a serem cumpridos inicialmente no regimo fechado. Para o magistrado pesou o fato de ela ter antecedentes criminais. Como Letícia não está detida, o juiz expediu um mandado de prisão para ela no ato da condenação.
A segunda maior pena foi aplicada para Bruna: 20 anos de reclusão por homicídio qualificado. Ao definir a pena, o juiz-presidente do Júri levou em consideração o fato de o crime ter sido praticado em local público e em frente às câmeras de monitoramento.
Quanto a Lohanny e Samira, foram condenadas a 19 anos de reclusão por homicídio qualificado, inicialmente em regime fechado. Já Carol, ficará 14 anos e quatro meses na cadeia, além de 10 dias de multa à razão um trigésimo do salário mínimo vigente à data do fato, valor este que será repassado ao Fundo Penitenciário. Carol está presa desde julho de 2017. Por ter colaborado e dito a verdade ao longo do processo, ela foi a que recebeu a menor punição.
Testemunha de defesa, Nicole mentiu para o Conselho de Sentença durante a sessão de julgamento e, por isso, vai ser alvo de um inquérito policial. O pedido foi encaminhado à Direção-Geral da Polícia Civil do DF.
“A culpabilidade foi em grau máximo, com dolo intenso, que perdurou no tempo, tamanho foi o animus de matar, porquanto houve perseguição implacável pelas rés à vítima, que estertorou na corrida desesperada até uma Agência dos Correios, local público, autarquia estatal, onde imaginava estar protegida e segura, mas, em vão, nem assim o ímpeto homicida se desfez, de modo que, ganhou destaque a ousadia das rés, praticando o crime na frente das câmeras. Poucas vezes se deparou esse Tribunal com tamanha violência”, pontuou o juiz em sua análise dos casos.
Relembre o caso
Quando foi assassinada, Ágatha morava no Distrito Federal havia apenas três meses. Em 26 de janeiro, por volta das 17h30, a jovem aguardava por clientes em uma área próxima à central de distribuição dos Correios de Taguatinga Sul.
Algum tempo depois, um carro particular, pedido por meio de um aplicativo de transporte, chegou ao local. As quatro acusadas saíram do veículo e correram com facas e facões em direção a Ágatha, que tentou se abrigar na agência. Enquanto fugia das demais, a vítima entrou na central de distribuição, onde foi cercada e morta.
O crime foi registrado por câmeras de segurança de dentro dos Correios. Ágatha Lios morreu com golpes de faca e facão, segundo exame de corpo de delito. Os funcionários do local tentaram prestar auxílio, mas Ágatha não resistiu aos ferimentos. As quatro suspeitas fugiram com a ajuda de uma quinta mulher, no mesmo carro em que chegaram.
*Estagiário sob a supervisão de Adriana Bernardes
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