A passos curtos, a luta pela valorização da população negra na escassez de trabalho tem ganhado novos capítulos na história do Distrito Federal. Essa é a síntese do Boletim Populações Negras, da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), recebida em primeira mão pelo Correio, e divulgada pela Companhia de Planejamento (Codeplan) na manhã desta quinta-feira (18/11). O levantamento mostra que, no primeiro semestre de 2021, a força de trabalho da capital federal era majoritariamente negra. A taxa de participação da população negra de 14 anos e mais na força de trabalho era de 67,1%, enquanto a da parcela não negra ficou situada em 61%.
Segundo o levantamento, os dados mostram que há necessidade econômica da busca de renda, por isso, as taxas são maiores. Contudo, esta presença ainda não supera a condição de desemprego do público: no mesmo período apresentado, 69,3% do total da população negra estava desempregada, enquanto o levantamento do público não negro ficou em 30,7%, o que indica reações diferentes do mercado de trabalho no arrefecimento da covid-19.
Nisso, destaca-se que, a concentração de desemprego entre o público negro foi persistente em duas faixas etárias, segundo o boletim: a de jovens entre 18 e 24 anos, e a de adultos jovens, entre 30 e 39 anos. Juntos, os segmentos agregavam mais da metade dos desempregados negros no 1º semestre de 2021 (51,5%), um patamar inferior ao identificado no 1º semestre de 2020 (54%).
Sob a perspectiva da inserção no domicílio, as pessoas que ocupavam as posições de filho e de chefe no domicílio preponderam dentre os desempregados negros do Distrito Federal e corresponderam a 71,3% deste contingente, no 1º semestre de 2021. A proporção em desemprego para as pessoas que ocupavam a posição de filhos era de 48,8% e a de chefes de famílias, 22,5%, no mesmo período de pesquisa, mostrando que os chefes de família foram os mais penalizados no período inicial da pandemia.
Diferencial
A realidade é que as dificuldades causadas pela chegada da covid-19 acentuaram os efeitos da crise econômica. Mas o crescimento e generalização do desemprego recaiu de forma diferente nos trabalhadores que apresentaram diferenciais. No DF, destacaram-se trabalhadores que tinham experiência anterior de trabalho no conjunto de desempregados - de 67,9%, no 1º semestre de 2019, para 71,2%, no 1º semestre de 2020. Nos primeiros seis meses de 2021, este percentual médio ficou em 71,7%.
Sendo assim, dentre os desempregados negros, houve aumento da presença de trabalhadores com experiência anterior de trabalho entre os 1º semestres de 2019 (68,8%) e de 2020 (70,8%), com intensidade menor que a observada entre os não negros, que teve diferença de 7,2 pontos percentuais.
No comparativo do 1º semestre de 2021, a proporção de desempregados com trajetória ocupacional anterior no contingente negro alcançou 72,6%, resultado de continua ascensão das dificuldades para estes trabalhadores. Uma situação diferente do que ocorreu com a população não negra, cuja participação dos trabalhadores experientes dentre os desempregados apresentou recuo em 2021, na comparação com o ano anterior.
Tempo de procura por trabalho
Para esse público, a busca por um novo emprego tornou-se algo difícil, uma vez que o desemprego de longa duração virou uma característica histórica do mercado de trabalho brasileiro, algo que vem se agravando nos últimos anos, segundo a pesquisa da Codeplan. O tempo médio despendido pelos desempregados do DF na culpa por uma ocupação ficou na faixa de 54 semanas, durante o 1º semestre de 2021, o que reforça a ideia de dificuldade do mercado de trabalho para restabelecer as condições anteriores à pandemia.
Considerando as classes de tempo de procura por trabalho, no 1º semestre de 2021, 61,4% dos desempregados levavam acima de seis meses procurando por trabalho, sendo 37,2% de 6 a 12 meses e 24,2% mais de um ano. Esses percentuais foram superiores aos verificados no 1º semestre de 2019, 30,6% e 23,0%, respectivamente.
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