Os brasilienses acompanharão na madrugada de sexta-feira o maior eclipse lunar dos últimos 580 anos. Com mais de três horas de duração, o evento estará visível entre 3h15 e 5h30 no Distrito Federal. O eclipse lunar ocorre quando a Lua passa pela sombra projetada pela Terra, em alinhamento com o Sol, o que ocorre apenas no período de Lua cheia.
É justamente a posição central da terra entre a estrela e o satélite que garante o privilégio de assistir ao espetáculo natural sem pressa. "Quando a Lua se posiciona totalmente na sombra da Terra acontece um eclipse total, que pode durar até 100 minutos. Já a Lua pode levar até duas horas para entrar e sair da sombra da Terra, por isso o longo período do eclipse", explica o astrônomo Adriano Leonês, 34 anos.
O tempo de duração do eclipse depende da permanência da Lua na sombra da Terra, chamada de penumbra e, dessa vez, será maior devido ao fato de a órbita da Lua estar mais próxima do seu ponto mais distante da Terra, conhecido como "Apogeu". A velocidade do satélite natural também estará mais lenta do que o normal. Com esses dois acontecimentos, a Lua passará mais tempo "escondida" na sombra da Terra."
Para aqueles que desejam observar o fenômeno, o astrônomo recomenda estar em uma região com vista limpa para o horizonte oeste, onde o Sol se põe. Não será necessário o uso de telescópios, mas o uso de um binóculo ou um celular com um bom zoom pode auxiliar na visualização e na captura de fotos durante o eclipse. O especialista alerta porém que, devido a Lua estar abaixo do horizonte, depois que amanhecer, não será possível ver o desfecho do evento. "A Lua vai ter uma tonalidade avermelhada, mas, no DF, não será perceptível", aponta.
Fã de astronomia, o servidor público Marcelo Domingues, 50, acompanha os episódios astronômicos antes mesmo de entrar para o Clube de Astronomia de Brasília (CAsB), em 2003. Segundo ele, o primeiro eclipse que viu foi no Rio Grande do Norte. Graças a essa paixão, assistiu o evento também na Argentina, em 2019. Ansioso para acompanhar o fenômeno deste ano no DF, ele lamenta que, por causa da pandemia, não teve a chance de contemplar eventos parecidos em outros países no ano passado. "A pandemia nos impediu de assistir outro, que também seria na Argentina. O próximo viável será no México ou Estados Unidos em 2023", comenta.
Na capital federal, ele coleciona visualizações de eclipses lunares. Para o próximo, Marcelo diz que, apesar de estar preocupado com o clima, está confiante. "É uma experiência que eu recomendo para todos que tiverem a oportunidade de observar", relata.
Até o final do século, em 2100, estão previstos para ocorrer mais 312 eclipses na Terra. Todo ano ocorrem quatro, dois lunares e dois solares, mas nem todos são considerados eclipses totais, ou seja, com a cobertura total da Lua ou do Sol visto da Terra.
Risco de chuva
Os brasilienses devem esperar por mais chuvas durante os próximos dias, o que pode dificultar a apreciação do eclipse.
Para sexta-feira, data do fenômeno, a previsão é de céu com muitas nuvens e chuva a qualquer hora do dia. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na parte da tarde e se estendendo até a noite, a nebulosidade tende a se intensificar. A temperatura mínima está prevista para 18°C e máxima de 26°C, a umidade do ar deve ficar entre 90% e 70%.
O metereologista Heráclio Alves alerta que o clima pode ser um empecilho para a visibilidade do fenômeno. "Por conta dessa formação de nuvens, aumentam as chances de pancadas de chuvas e trovoadas'', alerta.
O astrônomo Adriano Leonês confirma que não é possível enxergar o eclipse com chuva. "Até mesmo a Lua cheia é difícil de ver com tempo nublado, durante o eclipse, então, é ainda mais complicado. É torcer para o céu abrir por alguns instantes na área em que a Lua estiver", acrescenta. Outra possibilidade é acompanhar via internet pelo site Time and Date.
* Estagiários sob a supervisão de Juliana Oliveira
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