CRIME

Feminicídio: assassino de radialista é condenado a 33 anos de prisão

Vinícius Fernando Silva Camargo foi condenado pelo Tribunal do Júri de Samambaia. Defesa vai recorrer e pedir redução da pena. Evelyne Ogawa foi assassinada em março pelo marido, estrangulada

Ana Isabel Mansur
postado em 12/11/2021 22:00 / atualizado em 12/11/2021 22:06
Evelyne Ogawa deixou um filho de 7 anos -  (crédito: Redes sociais/Divulgação)
Evelyne Ogawa deixou um filho de 7 anos - (crédito: Redes sociais/Divulgação)

O assassino da radialista Evelyne Ogawa, 38 anos, apresentadora de dois programas de rádio de Samambaia, foi condenado, na noite desta sexta-feira (12/11), a 33 anos e quatro meses de prisão. Vinícius Fernando Silva Camargo, 31, era marido da vítima e a estrangulou com um cabo de extensão elétrica, asfixiando Evelyne até a morte, em 26 de março. O homem cumpre pena na Papuda.

A vítima deixou um filho, que tinha sete anos na época do crime. O advogado de Vinícius, Adriano Alves da Costa, afirmou ao Correio que a defesa vai recorrer da sentença, proferida pelo Tribunal do Júri de Samambaia. "Havíamos pedido uma condenação justa, a pena final foi muito elevada", avaliou. O advogado pretende diminuir o tempo de prisão do condenado para cerca de 20 anos.

Relembre

A radialista Evelyne Ogawa foi assassinada por Vinícius na noite de 26 de março. O homem foi preso na tarde da segunda-feira seguinte, após se apresentar na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) na companhia de dois advogados.

De acordo com médicos legistas do Instituto de Medicina Legal (IML), Evelyne tinha fortes marcas no pescoço e hemorragia subconjuntival no olho direito (pequenos acúmulos de sangue que reveste a pálpebra e cobre a frente do olho), causada, geralmente, por algum esforço físico, e os vasos sanguíneos estouraram.

Além disso, o corpo da vítima apresentava cianoses de extremidades, quando a pele fica com a coloração azulada em decorrência da oxigenação insuficiente do sangue. O IML comprovou as marcas de lesões no dorso da mão direita de Evelyne, o que pode indicar que, momentos antes do crime, o casal entrou em luta corporal.

Discussão

No processo, consta que o casal estava junto há cerca de três anos e viveram juntos na mesma casa por poucos meses. Segundo o Ministério Público, dias antes do crime, a vítima teria proibido a entrada do assassino no apartamento alugado por ela, mas, diante do inconformismo de Vinícius, Evelyne teria cedido e permitido o retorno do homem.

Na noite do feminicídio, ao retornarem da casa de amigos, Vinícius e Evelyne teriam iniciado uma discussão e, em casa, o criminoso usou um cabo de extensão elétrica para estrangular a vítima. Imagens das câmeras do elevador (assista abaixo), obtidas à época pelo Correio, mostram Evelyne e Vinícius juntos na noite do crime, às 22h20. Pelas imagens, os dois parecem discutir.

A mulher foi morta entre 21h e 23h. Em outras imagens, Vinícius é visto, às 23h37 de sexta-feira, entrando no condomínio. Ele está sozinho, cumprimenta o porteiro e sobe pela escada. Cerca de 20 minutos depois, às 23h55, o homem entra no elevador e vai até o 4º andar. Durante a madrugada de sábado, por volta das 3h, ele entra novamente no elevador e volta para o térreo.

Imagens registradas na manhã de sábado, um dia depois do crime, mostram Vinícius entrando no condomínio às 7h47. Ele vai até o apartamento da companheira e, em menos de seis minutos, deixa o local, carregando uma sacola azul nas mãos. No mesmo dia, pela tarde, o agressor compareceu com o advogado à 26ª DP e confessou o feminicídio, mas não chegou a ficar preso naquele momento.

Antecedentes

Vinicius agrediu, em 2017, uma ex-namorada. Em entrevista ao Correio, à época, a vítima afirmou: "Tenho medo que ele volte para terminar o que começou". De acordo com ela, a agressão teria começado após uma discussão simples. Ela chegou a ficar desacordada. O segurança de uma ótica vizinha à casa pediu auxílio a duas viaturas policiais que passavam pelo local.

Consta na ocorrência que "a Polícia Militar teve de arrombar a grade de entrada do apartamento, bem como a porta do quarto onde a vítima estava trancada para prestar o socorro devido". Na residência, os PMs teriam encontrado a mulher sentada na janela e com lesões no rosto e no pescoço.

A extensa ficha criminal do assassino também acumula passagens por roubo, porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal, violência contra a mulher e uso de documento falso. No total, o agressor tem 12 processos criminais.

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