O Tribunal do Júri do Paranoá condenou Renato Batista Paes Bandeira a 14 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, por tentar matar a ex-companheira com golpes de barra de ferro na cabeça. O crime aconteceu na presença de duas crianças, filhas da vítima. A tentativa de feminicídio ocorreu na manhã de 16 de novembro de 2015, no Itapoã. O acusado não poderá recorrer em liberdade.
Em interrogatório, o réu confessou a autoria do crime e alegou ter discutido com a vítima, que revelou a intenção de ir embora e terminar o relacionamento. O acusado argumentou que não teve intenção de matá-la, mas o feminicídio só não se consumou porque a mulher foi socorrida por vizinhos e levada ao hospital. O processo detalha que Renato cometeu o crime embriagado. Depois de atacar a companheira na cabeça e no braço, ele fugiu.
Na acusação, o Ministério Público sustentou que o crime foi cometido com uso de meio cruel, pois a vítima foi submetida a intenso sofrimento, e por motivo torpe, porque o acusado suspeitava que ela tivesse saído com outros homens.
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Sentença
O juiz que assinou a decisão ressaltou o registro de maus antecedentes que constam na ficha criminal do réu, acusado, também, por crimes como estupro e contravenção. O magistrado destacou, ainda, as consequências da tentativa de feminicídio para a vítima, que ficou com sequelas, como tontura e dor de cabeça, mesmo após seis anos da agressão.
"O laudo de lesões corporais destaca ter havido 'fratura temporal em dois pontos com deslocamento de tábua óssea, além de outros ferimentos no corpo'", registrou o magistrado. "Demais disso, as agressões foram praticadas na presença de duas crianças, filhas da ofendida, produzindo-lhes sequelas de ordem psicológica, sem ter a vítima contribuído para tal evento."
Crime
O relacionamento do casal durou cerca de dois meses. Durante esse período, a mulher sofreu intensa violência psicológica. Renato fazia ameaças e impedia que ela saísse de casa, além de acusá-la, insistentemente, de traí-lo com outros homens. No dia do crime, a vítima demonstrou interesse em terminar a relação.
Em seguida, disse que iria à casa da mãe, quando o agressor a segurou e cobriu a boca da companheira. As agressões teriam começado nesse momento, porque os golpes na cabeça provocaram desmaio da mulher, e ela não soube precisar como Renato agiu.
A irmã da vítima contou que, no dia do crime, estava em casa e viu uma dos sobrinhos chegar assustado. Ele relatou que a mãe havia sido esfaqueada. Ao chegar ao local do crime, a testemunha encontrou uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A vítima tinha dois ferimentos profundos na cabeça e nos braços, além de marcas nas mãos e no pescoço — estas semelhantes às de enforcamento. A criança ainda relatou à tia que esperou Renato sair de casa para checar a situação da mãe e que o agressor teria ido embora por acreditar que a vítima estivesse morta.
Um vizinho da vítima também afirmou ter ouvido, na noite anterior ao crime, uma discussão entre Renato e a companheira. O morador da quadra relatou que ouviu o agressor perguntar onde estaria a faca da casa.
A reportagem entrou em contato com a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), responsável pela defesa de Renato, e aguarda retorno.
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