Cerca de 3 mil presos lotados na Penitenciária do Distrito Federal 1 (PDF 1) no Complexo Penitenciário da Papuda iniciaram uma greve de fome , nesta quarta-feira (27/10). A informação foi confirmada ao Correio pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF). As visitas presenciais foram suspensas nesta quinta-feira (28/10).
Os detentos alegam estarem sofrendo maus-tratos pelos policiais penais da unidade. O Correio teve acesso a áudios de familiares de presos. Mães, irmãs e esposas relatam que os internos confessaram a elas que estão sendo maltratados e agredidos na cela. “Na visita, meu marido falou que iria ter greve de fome. Ele disse que vão apanhar, porque vai ter bate fundo nas celas”, disse uma mulher.
Outro suposto motivo da greve seria a não entrega das marmitas aos detentos. Em outro áudio, uma mãe contou que o filho passou o dia inteiro sem comer. “Eles entregaram a marmita às 20h azeda e os agentes estão soltando balas de borracha nas celas. Ele não quer me falar muita coisa porque tem medo de me magoar, mas vi que está muito abatido e magro”, relatou em áudio.
Em decorrência da situação, as visitas presenciais de parentes aos presos da PDF 1 foram suspensas nesta quinta. O Correio apurou que membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) estão no local para amenizar a situação.
O que diz a Seape?
Procurada pela reportagem, a Seape-DF confirmou a suspensão das visitas em decorrência de um movimento grevista por parte de uma pequena parcela de custodiados da unidade prisional.
Em nota, o órgão esclareceu que parte da população carcerária da PDF I se nega a receber as quatro refeições diárias a que têm direito, “como forma de protesto em decorrência da suspensão da visita íntima e restrições à visitação presencial, por conta das medidas de biossegurança adotadas pela Seape, enquanto durar a pandemia de covid-19.”
De acordo com a Seape-DF, toda a população carcerária e servidores que atuam no sistema prisional estão imunizados contra a covid-19. “Apesar do alto controle da doença nas unidades prisionais, a Seape mantém os esforços em prol da saúde de custodiados e seus familiares, bem como de policiais penais e demais servidores que atuam no sistema prisional”, finalizou a pasta.