Foram mais de nove horas de julgamento. Acusado de assassinar Gabrielly Miranda, de 18 anos, com um tiro na cabeça, em Samambaia, Leonardo Pereira dos Santos, 33 anos, foi condenado a mais de 29 anos de prisão. Ele era namorado de Gabrelly. O crime ocorreu em 14 de janeiro de 2020. À época, o autor alegou que o casal teria passado a noite ingerindo bebida alcoólica e brincaram de “roleta-russa”. A versão, no entanto, mudou em tribunal realizado nesta segunda-feira (25/10).
Leonardo tem passagens por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e aguarda sentença por um outro homicídio. O histórico criminal serviu para sustentar a tese de defesa da família de Gabrielly. “Foi uma batalha árdua no tribunal. Sustentamos por uma hora e meia. Os advogados dele pediram desclassificação para homicídio culposo, mas os juristas não aceitaram. Se essa tese passasse, ele estaria solto agora”, pontuou, ao Correio, o advogado criminalista Marcelo Braga.
Os advogados colheram ao longo do processo provas contundentes para evidenciar a culpa de Leonardo no crime e provar que Gabrielly não havia sido morta por causa de uma brincadeira de roleta-russa. Segundo o advogado, foram juntados áudios, mensagens e fotos que comprovaram as agressões sofridas pela jovem. Uma das testemunhas sigilosas do processo contou que a vítima vinha sendo agredida há muito tempo. “Ele é um homem perigoso, que não poderia ficar impune”, pontuou Marcelo.
Contradição
À época, Leonardo alegou que bebia com a namorada, quando resolveram brincar de roleta-russa, jogo em que apenas uma bala é colocada no revólver e são efetuados disparos em direção a uma pessoa. Na delegacia, o autor chegou a dizer que apontou a arma para a cabeça da namorada, apertou o gatilho, mas não sabia que iria disparar.
Em tribunal, o assassino mudou a versão e atribuiu a culpa à Gabrielly, afirmando que ela quem estaria com a arma. Segundo o réu, a jovem brincava com o revólver, quando ele tomou a arma e apontou “sem querer”. “Não existia a possibilidade de se encaixar como homicídio culposo, a partir do momento que tinham quatro munições e ele atirou à queima-roupa. Dois dias antes de morrer, a vítima disse à avó que ele a mataria”, afirmou o advogado.
O crime
Gabrielly foi morta dentro de casa, na QR 425 em Samambaia. Leonardo Pereira, depois de cometer o crime, acionou a PMDF por volta das 5h20. No local, os militares apreenderam um revólver calibre .38, usado como arma do crime.