Perseguição

Ativista Mona Nascimento denuncia perseguições políticas e de gênero

A líder comunitária se viu perseguida no trânsito, bateu o veículo e registrou boletim de ocorrência relacionado ao tema

Perseguições tanto políticas quanto relacionadas a gênero levaram a coordenadora do coletivo Mais de nós, Mona Nascimento, à denúncia registrada em boletim de ocorrência junto à 5ª DP (Asa Norte). Ainda que tenha sofrido intimidação em área de Santa Maria, Mona optou pelo distanciamento da região em que conta ter sido agredida.

À altura da quadra 402, e mesmo tendo alterado percursos comumente adotados, a líder comunitária explica que, neste sábado (23/10) foi perseguida por dois carros brancos, que fecharam seu veículo no trânsito. Ela seguiria com um pastor para uma atividade chamada Roda de Conversa desenvolvida no Plano Piloto.

"É assustador. Sofrermos muita homofobia. O veículo (batizado de Kombativa) é muito visado, por rodarmos nas periferias e termos um potente equipamento de som", observa Mona Nascimento. A Kombativa é usada no transporte de mulheres e crianças em ações como as de vacinação e na prestação de solidariedade a mais de 250 famílias, com doações de cestas básicas, sem contar outras atividades de suporte a ações sociais.

Desde 4/10, Mona conta estar mais suscetível à vigilância de desconhecidos e aos xingamentos, pelo posto de líder comunitária. "A situação é delicada, pelo envolvimento em brigas por moradia. Tenho auxiliado meus vizinhos na resistência, no Quinhão 23 (Santa Maria). Chamam de invasão, mas são lotes comprados. Entramos no local que não contava com dispositivos de organização política. Tivemos fortalecimentos, com a entrada da Defensoria Pública no caso", avalia Mona Nascimento. Tudo entretanto acirrou a perseguição regularmente sofrida por Mona.  

Atuante na área social de igrejas, desde adolescente, e mobilizando moradores de Santa Maria e Samambaia, Mona atua junto às chamadas minorias, há mais de cinco anos, quando ela mesma, em dificuldades, foi acolhida por desconhecidos.

"Sou mãe solo, e tive muitas violências sofridas desde a infância. A violência seguiu no meu casamento, com a minha filha presenciando agressões", relata Mona, relembrando impulsos de aderir a causas coletivas. "O ódio está lançado em cima da gente. A possibilidade do feminicídio está latente em nosso corpo", ressalta a líder do coletivo criado em 2018. Um dado tem preocupado Mona: nos últimos cinco anos, a Organização das Nações Unidas registrou a morte de mais de 170 ativistas brasileiros.

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