VIOLÊNCIA

PM de Goiás atira em mulher

Vítima fará segunda cirurgia para retirada do projétil, alojado no intestino. Agentes da polícia militar confundiram carro da dona de casa com o de suspeito por furtos na região e atiraram pelo menos 10 vezes contra o veículo

Meyrejane Brandão Dantas, 49 anos, que foi atingida por tiros de policiais militares de Goiás na madrugada de quarta-feira, em Luziânia (GO), fará uma segunda cirurgia, hoje, para retirada do projétil que está alojado em seu intestino. A dona de casa está internada no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), onde foi submetida ao primeiro procedimento, para estancar o sangue, ainda na quarta. Um dos tiros perfurou a bexiga e o intestino da vítima. O estado dela é estável.

A madrugada da última quarta-feira foi de terror e desespero para Meyrejane e o marido, o caminhoneiro Pedro Martins, 49. Pouco depois das 4h, a dona de casa foi baleada por policiais militares do estado de Goiás após deixar o esposo em um posto de combustível às margens da BR-040 em Luziânia, município goiano distante cerca de 59km do centro de Brasília. A Polícia Militar de Goiás (PMGO) instaurou um procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dos PMs.

Engano
Pedro conta que ele e a esposa saíram de casa por volta das 4h15. Como de costume, a dona de casa levou o companheiro ao posto de combustível para buscar o caminhão em que trabalha e seguiria para Cristalina (GO). Contudo, ao voltar para casa, Meyrejane percebeu que um carro descaracterizado a seguia. “O veículo passou por ela e deu um cavalo de pau. Ela tentou desviar, mas o motorista continuou acompanhando. Quando minha esposa chegou à porta de casa, não quis entrar por medo”, detalhou Pedro ao Correio. O caminhoneiro está estarrecido com a situação.

O posto fica a poucos metros da residência do casal e, com medo, ela retornou ao estabelecimento onde tinha deixado o esposo. Segundo relato do caminhoneiro, quando a mulher chegou, foi surpreendida por outras duas viaturas caracterizadas. “Ela pensou que estava tranquila e segura, mas não.” Em determinado momento, iniciaram-se os disparos de arma de fogo.

Vídeo do circuito de segurança e fotos cedidas à reportagem registraram o momento em que a vítima retornou ao posto de gasolina, desesperada. Logo atrás, aparecem as viaturas. As imagens mostram, ainda, as perfurações causadas pelas balas no interior do veículo, como no banco do motorista. “Tinha mais de 10 marcas de tiro no carro”, disse o marido.

Socorro
Após levar o tiro, a mulher foi socorrida pelos policiais e encaminhada ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Pedro relata que ouviu os disparos, mas quando saiu para ver o que tinha acontecido, a esposa já tinha sido levada à unidade de saúde. “Não imaginei jamais que fosse o carro da minha esposa. Foi desesperador”, desabafou.

Em nota, a PMGO afirmou que a abordagem ocorreu porque, “de acordo com o relato da equipe policial da 2ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), em datas anteriores ao fato, foram registrados boletins de ocorrências de roubo, onde foi utilizado pelos criminosos um veículo com as mesmas características” do carro de Meyrejane. “Foi feito o Registro de Atendimento Integrado (RAI) da abordagem, bem como a equipe compareceu à delegacia da Polícia Civil para as providências legais. Assim que a Polícia Militar tomou conhecimento do caso, foi determinada a instauração de um procedimento administrativo disciplinar para apurar os fatos”, completou o texto da corporação.

 

Memória

Relembre outras vezes em que a Polícia Militar de Goiás teria agido por engano

» Março: três policiais militares goianos foram presos, temporariamente, acusados da morte de um soldado da Força Aérea Brasileira, de 39 anos, após suposta perseguição e embate. Eles são acusados de forjar o confronto. Os detidos alegaram que o rapaz furou uma blitz, acelerou ao ser abordado e pilotava uma motocicleta sem placa, além de não ter permissão para dirigir o veículo. Um vídeo gravado por uma testemunha, porém, mostra a vítima ferida com um tiro disparado pelos policiais, mesmo depois de se render.

» Março: Três adolescentes e um adulto do Distrito Federal foram mortos por policiais do grupo de Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas (Rotam), da PMGO, após suposto confronto e perseguição, na Cidade Ocidental (GO). Laudo da perícia apontou que as cenas do embate não foram preservadas, e os agentes não encontraram vestígios da ação, nem mesmo as cápsulas dos 39 tiros disparados pelos policiais contra o grupo. As vítimas tinham 16, 17, 18 e 43 anos.

» Novembro de 2020: Três funcionários de uma fazenda em Cristalina (GO) foram mortos a tiros. A PMGO alegou que foi acionada para verificar denúncia de roubo de gados no local, mas que, ao chegar, se deparou com pessoas armadas. Segundo a corporação, os envolvidos receberam os policiais a tiros e acabaram atingindo a viatura, o que levou os PMs a revidar o suposto ataque. Os donos da fazenda, porém, relataram que os empregados tinham saído para caçar javalis e acreditam que o grupo foi assassinado por engano. Eles tinham 22, 38 e 41 anos.

Polícia apreende uma tonelada de maconha

A Coordenação de Repressão às Drogas da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em conjunto com policiais rodoviários federais e membros do Ministério Público (MPDFT), prenderam, ontem, três traficantes que traziam cerca de uma tonelada de maconha do Mato Grosso do Sul para o Distrito Federal. A droga renderia, aproximadamente, R$ 5 milhões para o tráfico.

Essa é a quarta apreensão mais volumosa do ano. Segundo a PCDF, os três traficantes eram monitorados pela polícia e foram presos em flagrante com dezenas de tabletes de maconha escondidos dentro de um carro da marca T-Cross. “Passamos a acompanhar o grupo e, hoje, com o apoio da PRF e MPDFT, conseguimos realizar a abordagem. Os entorpecentes tinham como destino a região de Santa Maria. De lá, seria distribuída para outras cidades do DF”, detalhou o delegado à frente do caso, Rogério Henrique.

Um dos presos na operação é apontado como o líder do grupo e responsável pelo financiamento das drogas. Os três presos possuem passagens criminais. De acordo com o delegado, para driblar a fiscalização e despistar a polícia, o grupo colocou café dentro do carro que transportava a droga na tentativa de disfarçar o forte odor da maconha.

O trio está preso e passará por audiência de custódia. Eles foram indiciados por tráfico de drogas e associação criminosa. Se condenados, eles podem ser condenados a até 30 anos de prisão.

Vendedor de abortivos é preso

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu, ontem, um homem acusado de integrar uma organização criminosa especializada na revenda de remédios abortivos em todo o país por meio da internet. A ação, coordenada pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), ocorreu em Salvador (BA) e é a segunda fase da operação Sexto Dia.

O rapaz, que é motorista, era responsável por revender o abortivo para o grupo. Ele foi ouvido formalmente e poderá ser indiciado pelo crime de venda e exposição à venda de produtos destinados a fins medicinais, de procedência ignorada, com pena de até 15 anos de reclusão.

Na primeira fase da operação, os investigadores prenderam uma estudante de medicina veterinária, 24 anos, também na Bahia, pela venda de medicamentos ilegais. As investigações revelaram que a associação criminosa tem como modus operandi a disponibilização de perfis em redes sociais de apoio à mulher. Por lá, o grupo informava a possibilidade de aborto seguro com o uso do medicamento Cytotec. “A venda desse medicamento é restrita a estabelecimentos hospitalares devidamente cadastrados e credenciados junto à autoridade sanitária competente”, completou o delegado.

Anabolizantes
Investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) prenderam, ontem, um homem por suspeita de manter um depósito e vender anabolizantes em todo o Distrito Federal. O homem, que trabalhava como vendedor de uma loja de suplementos, pode responder por falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. Após monitoramento, os policiais conseguiram apreender grande quantidade de substâncias consideradas anabólicas que eram mantidas na casa do suspeito, em Sobradinho. De acordo com o delegado à frente do caso, Eduardo Vides, os produtos teriam vindo supostamente do Paraguai.