INFRAESTRUTURA

Atenção aos viadutos do DF

GDF criou um grupo de trabalho para mapear áreas de risco e licitar reformas de estruturas danificadas

As condições estruturais de várias pontes e viadutos do Distrito Federal estão sendo monitoradas pelo Executivo local. Muitas dessas construções são do período da inauguração de Brasília, e algumas nunca passaram por reforma. A ação do tempo de mais de 60 anos começa a aparecer: rachaduras, guarda-corpos com blocos de cimento soltos, estruturas com ferragens expostas e infiltrações. Com o intuito de mapear esses pontos que necessitam de reparos, o GDF criou o Comitê Gestor de Manutenção do Patrimônio do DF.

O grupo se reúne mensalmente para discutir as ações voltadas para a conservação e manutenção das obras da capital. A iniciativa ganhou força no governo após o emblemático desabamento do viaduto da Galeria dos Estados, em fevereiro de 2018. A força-tarefa é comandada pela Secretaria de Economia e conta com representantes da Novacap, do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), da Secretaria de Governo (Segov), da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.

Diretor do DER, Fauzi Nacfur Júnior afirma que o mapeamento é feito de forma contínua. Pela autarquia, foram identificadas várias situações que necessitavam de atenção, como na ponte da DF-079, no viaduto da Epia — altura da Candangolândia —, e a ponte sob o rio Melchior, na DF-180. “São locais que têm uma vida de 50/60 anos e que precisam de manutenção, como recuperação de trincas, além das situações de ferragens expostas. Elas tiveram uma classificação de risco média e demandam licitação para efetuar os reparos”, destacou Fauzi. De acordo com ele, os projetos de reforma estão prontos e em fase de levantamento orçamentário.

“Em 2021, tivemos um desequilíbrio nos preços de materiais de construção devido à pandemia da covid-19. A ferragem subiu muito em um período de três a cinco meses. E isso afetou muitos projetos que estavam com um orçamento aprovado e que, na hora da execução, houve uma diferença nos valores. Agora estamos equilibrando os orçamentos para dar continuidade aos trabalhos”, reforçou o diretor do DER.

Dentre os trabalhos que mais marcaram em relação à recuperação de viadutos na capital, Fauzi ressalta a obra na Ponte do Bragueto. “Aquele trecho estava em estado de risco de médio para grave, que foi solucionado com a grande obra viária do Trevo de Triagem Norte”, explicou.

Em relação aos equipamentos viários no Plano Piloto, a Novacap destacou a reforma de 17 viadutos na zona central de Brasília nos últimos dois anos e meio, além da manutenção de 48 viadutos das tesourinhas na Asa Norte e 24 das tesourinhas na Asa Sul. Para o ano que vem, a empresa executará as obras na saída Norte do Buraco do Tatu e em mais dois viadutos sobre o Eixo Monumental, próximo aos setores hoteleiros.

A equipe do Correio passou por alguns pontos da capital para ver como estão as condições de viadutos e pontes do DF. No Eixo Monumental, sentido Congresso Nacional, próximo à Rodoviária do Plano Piloto, a via que liga os setores hoteleiros Sul e Norte apresenta buracos e ferragens expostas, além de infiltração em um ponto da estrutura. Na Ponte Costa e Silva, o desmazelo é visível com as placas de concreto se soltando, fissuras e infiltrações. O local passa por obras e está em fase de demarcação e preparação de regiões a serem reparadas, como as falhas de concretagem e armaduras corroídas. Em seguida, será feita a impermeabilização da parte inferior da laje do tabuleiro. O valor orçado é de R$ 13,5 milhões.

Doutor em estruturas urbanas e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Carlos Carpintero reforça a importância do acompanhamento desses espaços construídos na época do surgimento de Brasília. “De fato, o desabamento do viaduto há três anos mostrou a fragilidade do concreto, que precisa de manutenção permanente. A ação do tempo e o desgaste com o trânsito de veículos vão abrindo pequenas fissuras que, com as chuvas, vão enferrujando a ferragem”, afirma. Para ele, essa atenção tem que se estender, também, para os cuidados com os bueiros nesses pontos, como nas tesourinhas, para evitar os transtornos históricos de alagamentos.