Um desfecho trágico para a família de Luciana Regina de Faria, 46 anos. A mulher, que tinha diagnóstico de esquizofrenia, foi assassinada, carbonizada e teve o corpo deixado próximo ao Fórum do Recanto das Emas, cidade onde residia. Ela estava desaparecida desde o dia 31 de agosto e, agora, uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) aponta um pedreiro, de 36 anos, que trabalhava próximo à casa de Luciana, como responsável pelo desaparecimento e morte dela.
O caso é investigado como feminicídio. Caso confirmado, o Distrito Federal chegaria ao 19º registro desse tipo de crime, 7 a mais do que o registrado entre janeiro e julho de 2020.
Crime macabro
Imagens do circuito de segurança de uma rua próxima ao fórum foram cruciais para elucidar o caso. As filmagens revelam que, no dia 10 de setembro, as 7h30, o pedreiro arrasta um saco grande e envolto em um cobertor, dentro dele estava o corpo de Luciana. No vídeo, não é possível ver a movimentação de pedestres.
A Justiça deferiu o mandado de prisão temporária contra o suspeito e investigadores da 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas) cumpriram a decisão na segunda-feira. “O autor morava no Conjunto 11, e a vítima, no Conjunto 10. A partir das imagens, conseguimos a identificação. Constatamos que ele estava se abrigando em um albergue e tinha dado entrada na solicitação para comprar uma passagem com destino à Bahia para fugir do DF”, detalhou o delegado-chefe da 27ª DP, Pablo Aguiar.
A reportagem apurou, ainda, que Luciana foi encontrada com as mãos amarradas, segundo constatação da perícia. Preso, o suspeito contou versões contraditórias do caso e negou o feminicídio. Ao ser questionado sobre o que estaria no saco em que ele arrastava, o homem alegou que eram roupas, hipótese descartada pela polícia.
Medo de homens
Após a localização do cadáver carbonizado, os investigadores conseguiram chegar à identidade de Luciana por meio de exame de DNA feito em 29 de setembro. A mulher foi vista pela última vez em frente à casa de uma vizinha. Segundo o delegado Pablo Aguiar, o suspeito, de identidade não divulgada, teria praticado o feminicídio sozinho.
Juliana Faria, 30, irmã de Luciana conta que a irmã morava com ela e com a mãe e, pelo diagnóstico de esquizofrenia, recebia muita atenção e cuidado. Os familiares e vizinhos estão estarrecidos com o que houve e procuram respostas. “Minha irmã só rezava. Todos a conheciam, ela só ia para a igreja e tinha pavor de homem. Com certeza, ele a pegou quando ela estava indo na vizinha. Não consigo ter explicações para isso, só queremos que a justiça seja feita”, desabafou.
Juliana afirmou que não conhecia o suspeito, nem mesmo de vista pelas redondezas de onde morava. “Quando fomos atrás para saber quem era, soubemos que ele trabalhava nas redondezas. Mas nunca tinha visto ou conversado”, disse.
De acordo com o Painel do Feminicídio monitorado pela Secretaria de Segurança Pública do DF, entre janeiro e julho deste ano, foram registrados 17 casos de feminicídio. O número, no entanto, não inclui a morte da empresária Olívia Makoski, 47, morta a tiros pelo ex-marido, Francisco de Assis Guembitzchi, 55, em Ceilândia.
Tentativa de roubo em Samambaia
Um criminoso morreu e outro foi baleado ao invadirem a casa de um sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) no fim da manhã de ontem. Um terceiro suspeito conseguiu fugir em um carro e, até o fechamento desta edição, não havia sido localizado.
Dois dos suspeitos pularam o muro da residência, na QR 306, no Conjunto 6 de Samambaia enquanto o policial militar dormia. O sargento, ao perceber a presença dos criminosos na residência, atirou contra os invasores. Um dos homens, identificado como Samuel Igor, 29 anos, chegou a ser atendido pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBM-DF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O segundo envolvido na tentativa de assalto foi encaminhado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e o terceiro fugiu em um Gol preto.
Granada na Estrutural
Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram acionados, ontem, para atender uma ocorrência envolvendo a suspeita de substâncias explosivas, na Estrutural, denominada Operação Petardo. A equipe, que confirmou a presença de uma granada de mão de tipo fragmentada M9A1, foi chamada pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) que, inicialmente, atuava em uma denúncia de violência doméstica. Durante a apuração, os policiais localizaram, na casa do agressor, o artefato que, de acordo com a corporação, seria proveniente dos Estados Unidos. O artefato foi removido e detonado sob ambiente controlado, no quartel do Bope.
Injúria racial na Asa Sul e na Asa Norte
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga dois casos de injúria racial. A cantora Andresa Sousa, 34 anos, e a estudante de medicina da Universidade de Brasília (UnB) Rithyele Souza Silva, 27, estavam em locais diferentes em dias distintos, mas foram alvo da mesma mazela: o preconceito racial.
Andresa trabalha no ramo musical há pouco mais de seis anos, mas começou a cantar em restaurantes há cerca de um ano e meio. Na sexta-feira, em mais um dia de trabalho, em um restaurante de alto padrão da 108 Sul, a artista preparava as últimas músicas para encerrar a participação, quando foi atacada verbal e fisicamente por uma mulher.
“Estávamos esperando para voltar e uma senhora ficou me olhando e chegou em mim e disse: ‘Você cantou a letra errada’. Eu disse que não havia errado, pois era uma música que eu cantava há muito tempo, mas pedi desculpa e falei que melhoraria meu inglês”, disse.
Mesmo assim, a mulher continuou a insistir dizendo que ela havia errado a letra e deu dois tapas no braço da jovem. “Ela disse: ‘Essa negra tem que aprender a cantar”. Foi o momento que fiquei bem chateada e saí chorando”, relatou. A polícia foi acionada e Andresa registrou boletim de ocorrência por injúria racial na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), que apura o caso.
Racismo em shopping
Rithiele Souza também passou por uma situação semelhante na última sexta-feira. A estudante foi até um shopping na área central de Brasília comprar um chip de celular e passou em um caixa eletrônico para sacar dinheiro. Enquanto realizava a transação financeira, uma idosa parou bem próximo a ela, momento em que Rithiele a advertiu. “Pedi por gentileza para ela se afastar, até por segurança sanitária”, conta.
Segundo ela, a mulher agiu com dureza e negou-se. “Ela começou a dizer que eu era de outro satélite e que gente de satélite não sabia mexer em caixa. Afirmou que era racista mesmo e que conhecia gente da minha laia”, afirmou a universitária. Incomodada com a situação, Rithiele alertou a idosa de que acionaria a polícia. “Ela começou a rir de mim, mas quando viu que eu não estava brincando, começou a me xingar e a me agredir. Pegou até a sandália para me dar tapas no braço.”
Testemunhas acionaram a polícia, mas a idosa não chegou a ser levada à delegacia. Rithiele registrou boletim na 2ª DP (Asa Norte), que também apura o caso. (DD)