Ikebana é uma arte floral japonesa que significa caminho das flores. Ocorre no Shopping Casa Park a 34ª exposição anual da escola Ikebana Sogetsu Brasília, que tem como tema “Unindo os continentes”. Os brasilienses podem conferir o evento da instituição, que tem mais de 90 anos, até hoje (17). A entrada é gratuita, e o horário deste domingo (17/10) é de 12h às 20h.
O modelo Sogetsu é vanguardista de Ikebana, isso significa que não utiliza somente arranjos florais, mas elementos modernos para a composição das artes, como o ferro. Jacqueline Fonteles, 62 anos, coordenadora da exposição, diz que em Brasília há 17 professores e cerca de 60 alunos.
“A Sogetsu é um grupo forte. Vieram duas mestres de São Paulo na exposição e fizeram uma performance ao vivo na inauguração”, diz a coordenadora. De acordo com ela, as pessoas veem o Ikebana e querem comprar, mas a arte é de apreciação. “A ideia é se juntar e criar uma coisa para mostrar à cidade”, completa.
Olimpíadas
A exposição, que dura somente três dias, é curta pois as próprias flores não têm uma longa duração. A ideia do tema foi de Filomena Kotaka, segundo Elder Lima, 46 anos, diretor artístico da escola.
Os arranjos foram divididos em alas e cada uma significa um continente. O tema é inspirado nas Olimpíadas de 2021, e nas sessões há flores específicas de cada região. Elder ficou responsável pela Ásia. “Há plantas e flores relacionados àquele continente, tem arranjos soltos de alunos e alunas, que são pessoas que estudam Ikebana há algum tempo”, informa.
Apesar de existir há quase um século, a Ikebana Sogetsu está no Brasil há pouco mais de 35 anos. Na América Latina, por exemplo, o movimento é forte no Brasil e no Chile. “Por ter uma pegada mais moderna, de utilizar outros materiais, além das flores, acaba sendo uma escola mais artística”, diz Elder.
A exposição ontem estava movimentada. Lilia Vidal, 58, é artesã e faz flores de panos, além de outros objetos, e passou no shopping para prestigiar o evento. “Já conhecia, gosto de ver e gosto muito de arranjos. É uma arte que tem que ter muita paciência e criatividade. Não deve ser fácil cultivar essas flores num espaço tão pequeno”, pontua.
Sua filha Bárbara Jaci Vidal, 34, também já conhecia e achou linda a exposição. Ela diz que há elementos conhecidos que não sabia como era a flor, e descobriu a partir do evento. “Não fazia ideia de como era uma flor de cúrcuma e vi aqui. Achei aqueles pequenos [aponta] muito fofos também”, completa.
Aprendizes
Bruno Pagnoccheschi, 70 anos, é aprendiz da arte há quase cinco anos. Essa é a sua terceira exposição. No entanto, nesta edição, ele organizou o evento. O aluno se envolveu tanto que chegou a se tornar diretor financeiro do Ikebana Brasília, há um ano e meio ele ocupa a função. “É uma atividade que exerce um certo fascínio nas pessoas”, constata Bruno.
Ele conta que procurou algo para poder ocupar o tempo livre que teria durante a aposentadoria. A partir da exposição de 2016, ele conheceu a prática e se interessou. “Ikebana dá muito prazer, é reflexiva, uma contemplação, um cuidado. O ambiente que se cria é muito fraterno, as pessoas se comunicam muito e viram grandes amigas”, afirma.
Junia Barros, 47 anos, também é aluna da escola, mas há poucos meses. No entanto, ela pratica o Ikebana há algum tempo. Para ela, a arte também é uma atividade prazerosa, feita para refletir. “Acho incrível, para mim é sempre muito bom praticar Ikebana, porque eu já sou paisagista”, afirma. A aluna, inclusive, trouxe um amigo para a exposição, a fim de conhecer a arte.
Fundadora
Quando veio morar em Brasília, Zilá da Costa, 71 anos, tinha um jardim grande na frente da sua casa e sempre plantava e colhia flores para colocar em jarros. A mãe dela a ensinou que o aconchego de um local tem a ver com a beleza e o frescor das plantas.
Ao assistir uma exposição no Hotel Nacional, em 1985, conheceu a Ikebana e, a partir desse interesse, procurou saber sobre a arte. Ela foi a responsável por trazer a prática para Brasília e, também, foi a fundadora da sucursal da Sogetsu em Brasília, em 1997.
“Eu gosto de Sogetsu porque não importa onde você aprende, se aqui no Brasil, no Chile, na França, o conhecimento é o mesmo. O livro do qual se retira os aprendizados é o mesmo”, explica.