Uma técnica de enfermagem do Hospital das Forças Armadas (HFA) foi condenada a sete meses de detenção por injúria e desacato contra dois militares. Durante uma discussão em uma faixa de pedestres, dentro da unidade de saúde, a mulher mostrou o dedo do meio para os oficiais.
De acordo com o processo, o caso ocorreu no dia 24 de abril de 2019, por volta das 8h35, dentro das instalações do HFA. A mulher mostrou o dedo primeiro para um major na faixa de pedestres e depois arrancou com o carro. Segundos depois, a servidora, ao ser advertida por um dos soldados de serviço no Corpo da Guarda que presenciou o ocorrido, repetiu o gesto obsceno em direção ao militar.
Depois, ao retornar ao hospital, ela desceu do carro e proferiu palavras ofensivas e intimidadoras ao mesmo militar. Ao se identificar como sendo o militar autor do alerta, ela, em tom agressivo, continuou a desacatá-lo, chamando-o de moleque e de covarde e, ainda, que dentro do HFA ele podia "se achar", mas que fora daquele hospital militar, ela resolveria com ele, inclusive, usando um tom intimidativo, dizendo-lhe que chamaria o marido dela, a fim de que aquele pudesse ensiná-lo sobre como se deve tratar uma mulher .
A mulher foi denunciada pelo Ministério Público Militar (MPM), junto à 2ª Auditoria Militar de Brasília, e foi condenada por ambos os crimes. A defesa da servidora recorreu da decisão junto ao Superior Tribunal Militar (STM), alegando que a acusada não teria cometido qualquer tipo de crime e que ela não teria tido o dolo para o cometimento de injúria. “Não restou comprovado o dolo específico de injuriar a major, elemento subjetivo do delito de injúria, pois a acusada não teve a intenção de ofender a dignidade da ofendida. O que houve foi um mero desentendimento isolado, em que ambas não entenderam o que a outra pessoa gostaria de expressar naquele momento ", informou o advogado.
No entanto, o STM negou o pedido e manteve a sentença da acusada. Em entrevista ao Correio, a servidora, que não quis se identificar, relatou a versão do que ocorreu no dia da discussão. Ela diz que saiu de carro do consultório de psiquiatria após uma consulta, e quando estava no meio da faixa de pedestre, escutou batidas no capô do veículo.
"Espalmei minhas duas mãos para a pedestre na tentativa de entender o porque dla estar batendo no meu veiculo, pois eu já estava parada. Esperei sua travessia e segui a menos de 20km, pois é o permitido na via, que até então tem um quebra-molas antes e outro depois da faixa, não permitindo nenhum tipo de arrancada ou aumento de velocidade", explica.
Ao passar pelo segundo soldado que faz a segurança das áreas externas do HFA, a mulher conta que foi advertida "em tom ríspido" e com um sinalizador na direção dela para "chamar a atenção". "Fiquei atordoada, pois no meu estado emocional, vi um fuzil apontado em minha direção. Não saí das dependências do HFA, retornei com o carro e estacionei na primeira vaga disponível", relata.
Em seguida, ela recorda que saiu do automóvel, foi na direção do soldado e perguntou o motivo dele estar chamando a atenção dela. "Recebi novamente o gesto do finalizador voltado para minha face, então percebi que era um sinalizador e não um fuzil. Já bastante abalada, questionei a ação e disse que ele era um moleque inconsequente por estar me apontando aquele objeto", diz.
Logo depois, ela se identificou como servidora púbica civil. "Eu não dei dedo pra eles. Estão mentindo. O que aconteceu foi que eu fui na ouvidoria reclamar do soldado e ele com medo de ser punido criou a versão dele com a major", conclui.
Com informações do Supremo Tribunal Militar