Violência

Subtenente acusado de estupro estava em horário de serviço durante o crime

A vítima, de 25 anos, relatou que estava em uma festa dentro de uma casa, quando teria sido ameaçada com uma arma e obrigada a entrar no quarto

O subtenente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) preso sob a acusação de estuprar uma jovem, de 25 anos, em Águas Lindas de Goiás (GO) estava em horário de serviço quando teria violentado a vítima com outros cinco homens. Três deles foram detidos em flagrante e responderão por estupro. A polícia trabalha para identificar outros três suspeitos.

O militar é lotado no Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) do DF e, segundo fontes policiais revelaram ao Correio, estava em horário de trabalho quando os abusos foram cometidos. O estupro coletivo aconteceu na manhã de sábado (9/10), durante uma festa que ocorria na casa dos suspeitos, no Setor 1 de Águas Lindas de Goiás.

A jovem chegou ao evento na noite de sexta-feira (8/10). Como consta na decisão judicial que converteu a prisão flagrante em preventiva, a vítima foi convidada por duas mulheres para um quarto da residência com o propósito de dormirem. Após entrarem no cômodo, a mulher teria saído e logo em seguida o militar entrou.

Armado, o PM tirou a roupa da jovem e teria a estuprado. Ainda segundo a versão contada pela vítima, outros dois homens entraram no quarto em seguida e a violentaram. O mesmo aconteceu pouco tempo depois, quando, segundo a moça, outros dois suspeitos chegaram e também abusaram dela. A mulher chegou a pedir socorro durante os abusos, mas relatou não ter sido atendida por nenhum dos frequentadores da festa.

Fuga

Na manhã de sábado, a vítima aproveitou o descuido dos agressores, vestiu uma roupa que supostamente pertencia ao militar e conseguiu fugir para pedir ajuda. Os policiais militares de Goiás foram acionados e se deslocaram até o endereço onde supostamente teriam ocorrido os fatos.

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) atendeu a jovem e a encaminhou até o Hospital Municipal Bom Jesus para atendimento médico. Os policiais conversaram com a vítima na unidade de saúde após ela ter sido atendida e medicada e a levaram até à 17ª Delegacia de Polícia para reconhecimento.

Na unidade policial, ela reconheceu três dos seis suspeitos, incluindo o subtenente da PMDF. A reportagem entrou em contato com a PMDF. Em resposta, a corporação afirmou que aguarda a conclusão do inquérito para dar prosseguimento às apurações.

Decisão

Ao converter a prisão flagrante dos suspeitos em preventiva, o juiz Rodrigo Victor Foureaux Soares afirmou que, em decorrência dos depoimentos prestados, "percebe-se que os crimes noticiados são de alta gravidade, ofendendo a integridade física e dignidade sexual da vítima, considerando que os acusados mantiveram, em tese, relação sexual com esta sem consentimento."

O magistrado definiu como "assustador" o relato da vítima de que os acusados realizavam um esquema de "revezamento" com ela durante as relações sexuais mantidas, "em uma situação de estupro coletivo." "Nesse sentido, percebe-se o desespero nos relatos da vítima, que também disse após pensar estar livre dos atos de violência práticos em seu desfavor, o primeiro autor retornou e novamente manteve relações sexuais com ela. Também é necessário ressaltar que a vítima informou que pediu por socorro durante a situação narrada, demonstrando ser contrária a realização dos atos, em tese, praticados, sendo que não foi atendida por nenhum dos acusados”, justificou o juiz ao decretar a prisão preventiva.