A lei que garante a distribuição gratuita de absorventes femininos nas escolas públicas e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) foi sancionada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) em 12 de janeiro, mas ainda segue sem previsão de ser implementada. Enquanto a lei não começa a ser aplicada, oito secretarias do Governo do Distrito Federal (GDF) preparam uma força-tarefa para tentar amenizar a pobreza menstrual na capital.
A campanha “Dignidade Feminina – Da transformação de meninas a mulheres: mais cidadania e menos tabu”, que será lançada em 18 de outubro, vai arrecadar e, posteriormente, distribuir absorventes para adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade social.
O projeto também inclui debate sobre a pobreza menstrual, caracterizada pela falta de recursos para cuidados íntimos, além de estimular a doação de absorventes, roupas íntimas e demais itens de higiene para adolescentes e mulheres em vulnerabilidade social. Os itens serão destinados para programas sociais do GDF, da rede pública de ensino e do Sistema Socioeducativo. A ação conta, ainda, com rodas de conversa em escolas, capacitação de apoiadores e incentivo a doações.
“A ausência da dignidade menstrual reforça a desigualdade de gênero na sociedade. Estamos falando, por exemplo, de estudantes que deixam de ir à escola ou de praticar esportes quando estão menstruadas porque não têm condições de comprar absorventes. Isso é um problema grave, que precisa ser debatido e solucionado. Por isso, essa campanha vai além de doar absorventes. Ela está muito focada principalmente em informar e educar essas meninas e mulheres”, explica a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.
Segundo a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, essa realidade foi comprovada por uma pesquisa feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com 1.730 mulheres, em julho deste ano. Do total de entrevistadas, 35% afirmaram que já passaram por alguma dificuldade por não ter acesso a absorventes ou outra forma de ter garantida a sua dignidade menstrual. “O resultado dessa pesquisa nos mostra a importância dessa questão, uma vez que esses materiais de higiene são itens caros para famílias que vivem em vulnerabilidade social”, acrescenta Paranaguá.
Arrecadação
Os kits de higiene serão arrecadados em uma ação integrada entre o poder público, a iniciativa privada, a sociedade civil, as empresas atacadistas de supermercado e as redes de farmácias do DF. A proposta é que as secretarias envolvidas na ação indiquem pontos de coleta para as doações.
A secretária de Turismo, por exemplo, colocará à disposição os Centros de Atendimento ao Turismo e a rede hoteleira para contribuir com a causa. No caso da Sejus, serão disponibilizadas as unidades do Na Hora e do Procon para esta finalidade. A Secretaria de Educação, por sua vez, indicará as instituições de ensino para onde serão destinadas as doações e demais atividades da campanha.
Os locais de arrecadação e de distribuição ainda serão divulgados, após o lançamento da campanha.