MEIO AMBIENTE

Pedacinho de Madagascar no Cerrado: chegou a temporada dos flamboyants

O tão aguardado Flamboyant chegou junto à primavera para colorir as ruas do Distrito Federal. Árvore natural da ilha de Madagascar foram trazidas a Brasília na década de 1960

Renata Nagashima
postado em 20/10/2021 06:00
O zelador Edmilson Matos se orgulha de cuidar das espécies de flamboyant da quadra em que trabalha e dos filhos aproveitarem o contato com a natureza -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
O zelador Edmilson Matos se orgulha de cuidar das espécies de flamboyant da quadra em que trabalha e dos filhos aproveitarem o contato com a natureza - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A seca foi embora, e o verde prevalece na capital federal. Com a chegada das chuvas, a primavera trouxe de volta o colorido para a vegetação do cerrado e, depois das floradas dos ipês e da festa do jacarandá, chegou a vez dos brasilienses saudarem os flamboyants. O nome, que vem do francês e significa vistoso, chamativo e berrante, é adequado para os tons vívidos de vermelho, laranja e amarelo que decoram a cidade nesta época do ano. As flores da espécie de origem africana formam verdadeiros tapetes naturais nas quadras residenciais e nas vias da cidade, demonstrando que estão adaptadas aos ares do Centro-Oeste.

Natural da ilha de Madagascar, os flamboyants chegaram a Brasília na década de 1960, para oferecer sombra e enfeitar o jovem centro político do país. Hoje, a maioria das árvores está concentrada nas quadras 209, 210 e 211 da Asa Sul, além de exemplares no Sudoeste, no Zoológico, na região da Universidade de Brasília (UnB) e no Eixo Monumental.

Cuidado e beleza

Responsável pela plantação dos primeiros flamboyants na CCSW 3, no Sudoeste, Edmilson Matos, 43 anos, é zelador no mesmo bloco há 22 anos e, desde 1999, tem a preocupação em manter a quadra arborizada. “Eu plantei todas as que ficam nessa região. O pessoal foi comprando as plantas e eu fui cultivando”, conta. Apesar de cuidar de todas as árvores com o mesmo zelo, Edmilson revela que tem um carinho especial pelo flamboyant. “Eu espero o ano todo para vê-los florescer; é a época mais bonita que tem, fica tudo mais vivo e cheio de cores.”

Para o zelador, a florada anual deixa os moradores mais unidos. “Me alegra que todos adotaram a árvore, colocaram balanço e um banco ali embaixo. Todo mundo ajuda a cuidar, coloca um adubo, é lindo de ver. É uma coisa comunitária. Os moradores gostam bastante e são empenhados”, orgulha-se.

A espécie faz tanto sucesso na quadra, que virou até decoração para festas de aniversários das crianças. “Com a pandemia, as pessoas passaram a fazer mais coisas ao ar livre. Os moradores começaram a fazer comemorações embaixo do flamboyant, foi uma coisa única. É uma alegria ver as pessoas se aproximando da natureza. Meus filhos crescem aqui, brincando e ajudando. Tenho um jardim quase que particular na porta de casa”, comenta Edimilson.

Símbolo do amor

Quem também derrama-se pelas cores quentes dos flamboyants é a engenheira ambiental Miria Nogueira, 40. Ela, que escolheu a profissão justamente pela paixão pela natureza, gosta de sair para caminhar e contemplar a flores que decoram o Sudoeste. “Ainda estou de home office, então sair um pouco e ter esse contato com a natureza é importante. Passo horas admirando e tirando fotos”, conta.

Ela aponta que, durante esse período de chuvas, o verde das gramas se destaca, contrastando com as flores do flamboyant. “É uma beleza única. Eu gosto muito da natureza e da arborização de Brasília. O flamboyant é considerado a árvore símbolo do amor, além de ser linda tem esse significado forte”, destaca.

Origem

A engenheira agrônoma do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) Carmen Regina Correia, explica que a espécie exótica foi trazida da África para o Brasil provavelmente pelos portugueses. Segundo a especialista, apesar da beleza, as árvores precisam de atenção na hora de serem plantadas em áreas urbanas. “As raízes são muito superficiais, é uma árvore que não se coloca onde tem pavimento, nem em canteiros de ruas, deve ficar mais em parques. A madeira dela também é resistente, a queda de galho pode causar danos”, alerta.

De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), são cerca de 100 mil delas espalhadas por toda a capital. A maioria está concentrada no Plano Piloto, onde há mais de 50 mil flamboyants. Diferente dos ipês, os flamboyant têm uma floração mais rápida, que dura de 30 a 40 dias. Elas florescem entre outubro e dezembro e podem ser encontradas em três cores: vermelho, laranja e amarelo. A árvore é de médio a grande porte, tem uma copa ampla e pode chegar a 18 metros de altura.

Previsão do tempo

Com temperaturas mais baixas do que nos dias anteriores, é bom garantir o casaco para o dia de hoje. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura máxima no Distrito Federal ficará em torno de 28ºC, sendo que a mínima registrada deve ficar em 19ºC. A umidade relativa do ar ficará entre 55% e 95%. A previsão do tempo indica que o dia terá muitas nuvens com chuvas isoladas no período da tarde. A noite será de nuvens com pancadas de chuva e trovoadas isoladas.

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