A Justiça decidiu, na manhã desta segunda-feira (18/10), que o suspeito de matar a estudante de direito Milena Cristina Gonçalves, 24 anos, deverá ficar preso preventivamente. O suspeito permanecerá detido enquanto o caso estiver em andamento. O acusado, cuja identidade não foi revelada pelos investigadores, foi preso em flagrante na manhã de sábado (16/10), depois de acionar a Polícia Militar para a casa da estudante, no Riacho Fundo 1, onde ela foi encontrada morta.
A polícia não deu detalhes sobre a situação do corpo da vítima. No entanto, a mãe de Milena, Wesliana Conrado, afirmou que a filha apresentava um sangramento na parte de trás da cabeça.
A decisão da Justiça considerou que o suspeito o assassinato da estudante ocorreu com dolo eventual — quando se assume o risco de matar. No relatório sobre o caso, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) se manifestou contrariamente à classificação de homicídio culposo — quando não há intenção de matar —, considerada pela polícia para autuação do acusado.
"Na espécie, o órgão ministerial manifestou-se contrariamente à capitulação culposa, apresentando expresso interesse na capitulação de homicídio por dolo eventual, bem como pela prisão preventiva do autuado como forma a garantir a ordem pública", afirma trecho da decisão. Além disso, o MPDFT destacou que "por volta das 5h, foram ouvidos gritos vindos do apartamento de Milena, ressalta-se, gritos de desespero e de alguém que estava com medo".
Com base nas investigações iniciais, o delegado de plantão da central de flagrantes da 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas) autuou o suspeito por homicídio culposo e com possibilidade de pagamento de fiança. Com a decisão da Justiça, o acusado deverá permanecer preso.
Laudo de corpo de delito
O laudo de corpo delito feito com o acusado aponta que ele tinha escoriações na "região central do pescoço", compatíveis com ferimentos "provocados por unha". O exame pode indicar que houve uma briga entre o suspeito e a vítima.
A advogada que representa os pais de Milena no caso, Natacha Fernandes Teixeira, manifestou-se contra o "encerramento prematuro das investigações sobre o crime". Em nota técnica, ela destaca que continuará "batalhando pelo retorno das investigações, a fim de comprovar — por meio de provas testemunhais e periciais — que o caso se trata de um feminicídio com requintes de crueldade, uma vez que há indícios de que Milena sofreu violação sexual e faleceu por enforcamento".
Relato à polícia
O acusado de cometer o crime afirmou que conheceu a jovem no dia anterior ao crime. Na ocorrência, consta a informação de que ele e os amigos beberam e usaram drogas ilícitas — inclusive cocaína — durante uma confraternização da qual a vítima participava, na sexta-feira (15/10).
Quando a festa terminou, o acusado deixou os amigos em Samambaia e voltou para a casa de Milena. À polícia, ele relatou que teve uma noite de "sexo violento" com a jovem, mas não se recordava de detalhes, por estar sob efeito de substâncias entorpecentes. Acrescentou que, quando amanheceu, acordou abraçado à vítima e tentou acordá-la, mas descobriu que ela estava morta e acionou a Polícia Militar.
O delegado de plantão autuou o homem por homicídio culposo e arbitrou fiança de R$ 5 mil para liberação. A atuação pode ser alterada após a liberação do laudo cadavérico pelo Instituto de Medicina Legal (IML). A reportagem não conseguiu contato com a defesa do acusado. No entanto, o espaço segue disponível para manifestações.
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