No CB.Poder — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília — a secretária da Mulher do Distrito Federal, Ericka Filippelli, falou à jornalista Samanta Sallum sobre as medidas de combate ao feminicídio e à violência doméstica no Distrito Federal, projetos para a proteção da mulher como a Casa da Mulher Brasileira. “Estamos construindo quatro novas unidades no Recanto das Emas, em Sobradinho 2, no Sol Nascente e em São Sebastião, que são regiões muito carentes de equipamentos de acolhimento às mulheres”, destacou. A titular da pasta também falou sobre o Outubro Rosa e ações voltadas à saúde do público feminino. Confira trechos da entrevista:
Não podemos deixar de falar sobre mais um feminicídio que ocorreu no DF, em Santa Maria, quando uma mulher de 51 anos foi esfaqueada pelo companheiro. Qual é a rede de proteção que temos hoje para evitar que mais mulheres sejam vítimas de feminicídio?
Sempre é uma tristeza para nós (o feminicídio em Santa Maria), que trabalhamos justamente na questão da proteção da mulher e do empoderamento. O governador Ibaneis criou a Secretaria da Mulher para fazermos a articulação de toda essa rede, promover políticas e articular com as demais pastas. É sempre uma perda para nós, motivo de muita tristeza, mas também sempre digo que é motivo de luta, isso nos leva a lutar mais. Então, hoje o DF tem uma rede muito robusta de atendimento a mulheres em situação de violência. Essa rede conta, agora, com a Casa da Mulher Brasileira, que pudemos finalmente levar até Ceilândia.
O que é a Casa da Mulher Brasileira?
A casa nasceu do movimento feminista, do movimento de mulheres que identificava, muitas vezes, que a mulher precisava percorrer vários equipamentos para buscar ajuda quando vivia uma situação de violência. Ela tinha que ir à delegacia, depois a algum centro especializado para ser acolhida, ao Tribunal de Justiça participar de audiência e saber de seus direitos. Por que não concentrar em um só espaço todos esses órgãos, para evitar que a mulher percorra essa rota crítica? E a casa é isso, um equipamento que foi criado em 2015.
Quantas unidades existem no DF?
Conseguimos levar a Casa da Mulher da Asa Norte para a Ceilândia, enquanto o governo federal reforma a unidade, e estamos construindo quatro novas unidades, no Recanto das Emas, em Sobradinho 2, no Sol Nascente e em São Sebastião, que são regiões muito carentes de equipamentos de acolhimento às mulheres.
Que tipo de serviços e atendimentos há na Casa da Mulher?
Não só esse acolhimento psicossocial, que é muito importante, que a mulher recebe após a denúncia. No local, ela pode ter acesso a todos os serviços da Defensoria Pública, Tribunal de Justiça e Ministério Público. Nós inovamos com essa unidade de Ceilândia, criamos um andar inteiro voltado só para a questão da autonomia econômica da mulher. Abrir espaços de empoderamento, de capacitação, permite que as mulheres cheguem até nós e criem esse vínculo com a nossa equipe. A partir disso, a gente pode fazer a abordagem, um encaminhamento para aquelas que vivem uma situação de violência.
Qual o conselho mais importante para uma mulher que, nesse momento, passa por uma situação de violência?
Peça ajuda sempre, não sofra calada. A gente criou essa campanha no ano passado. O DF registrou, em 2020, uma queda de 46% no índice de feminicídio — queda mais expressiva do Brasil, muito significativa num tempo de pandemia. Infelizmente, nesse ano a gente já chega no índice de 2020, mas mesmo assim apresentamos uma redução com relação a 2019. É o resultado de incentivar as mulheres a chegarem a canais de proteção. Esse ano, nós lançamos um aplicativo junto ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que é ligado ao Disque 180. É uma revolução, e isso nasceu de uma necessidade da pandemia.
Quais ações a secretária está preparando para o Outubro Rosa, para reforçar o cuidado com a prevenção ao câncer de mama?
É um mês muito especial, porque as pessoas até falam: “não é só colorir os monumentos de rosa”. É muito mais do que isso. A gente chegou em 2019 com índices muito baixos, tanto de exame de mamografia quanto de Papanicolaou, que é o preventivo de colo de útero. Então, nossos esforços têm se direcionado muito para essa questão. Ano passado nós inauguramos a Clínica da Mulher.
O que é o segundo Plano Distrital de Políticas para Mulheres 2020/2023?
Esse é um presente pras mulheres do DF. É a garantia de que todos esses avanços que nós temos conquistado durante esses anos não cessarão, muito pelo contrário. É uma forma de institucionalizar uma política. Primeiro a gente fez um levantamento de todas as ações programadas pelo Governo do Distrito Federal no ano de 2020 a 2023. Reunimos todas as ações que tratavam de mulheres e submetemos a uma escuta, uma consulta pública no ano passado. Nós tivemos mais de 2.600 participações, porque a gente perguntava se elas aprovavam aquelas ações. Ouvimos também outros grupos, indígenas, quilombolas, mulheres profissionais do sexo, pessoas com deficiência, negras e, a partir disso, soubemos se elas estavam satisfeitas com o que estava sendo proposto pelo governo. Por fim, temos um documento lindíssimo, que diz o que o governo planejou e o que as mulheres querem para elas e para o DF.
*Estagiária sob a supervisão de Adson Boaventura
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