A professora Maria Francisca Pinheiro Coelho, titular do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), vai lançar, nesta quarta-feira (6/10), o livro O público-privado na educação brasileira: o conflito na Constituinte (1987-1988). O trabalho é resultado da tese de doutorado da autora, que acompanhou in loco as discussões da Assembleia Constituinte finalizada em 1988.
A defesa da tese da doutora ocorreu em 1991, mas Maria Francisca só decidiu transformar o material em livro no início deste ano. O texto foi publicado em janeiro, pela editora Appris. Contudo, devido à pandemia da covid-19, o lançamento foi adiado para nove meses depois. "Foi um trabalho que passei sete anos para fazer. Considero um tema superatual e reincidente. Não queria guardar somente para mim e para pesquisas acadêmicas. Quis tornar público, no amplo sentido da palavra", contou a pesquisadora ao Correio.
A disputa no campo da educação brasileira entre interesses das escolas públicas e particulares é marcada por um conflito histórico, segundo a autora. A professora destaca que o embate costuma se manifestar durante a elaboração de leis e ocorreu em outros momentos de elaboração constitucional, como 1932, 1946 e o próprio período de 1987 a 1988.
"Os eixos desse conflito se concentram em uma luta pela hegemonia no campo do ensino, em torno das verbas do Estado, da cobrança de mensalidades nas escolas públicas e do ensino religioso nessas instituições. No centro, estão ideias republicanas versus interesses privatistas excludentes", analisou a professora.
Conflito
Na tese, a docente trabalhou com a hipótese de que a expectativa para a mais recente assembleia constituinte brasileira era de debates com ampla proporção, em virtude da mobilização de organizações da sociedade civil, bem como de instituições públicas e particulares — em lados diferentes.
O resultado, segundo Maria Francisca, chegou por meio de avanços significativos para o ensino público em relação às Constituições anteriores. "Em termos da defesa da educação como direito de todos e dever do Estado, destacamos a vitória, pela primeira vez, da regulamentação do ensino público e gratuito em todos os níveis: do básico à universidade", comentou a pesquisadora.
Maria Francisca observa que a determinação legal reservada às universidades vai contra "qualquer ideologia que queira tutelar e impedir a liberdade de ensino nas instituições de ensino". A pesquisadora destaca que a magna-carta prevê a elas o direito à "autonomia didático-científica, administrativa, de gestão financeira e patrimonial", com respeito ao "princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão".
Programe-se
Lançamento do livro O público-privado na educação brasileira: O conflito na Constituinte (1987-1988)
Data: quarta-feira, 6 de outubro
Horário: das 17h às 20h
Local: área externa do Brooklyn Café Bar Store (706/707 Norte, Bloco B)
A obra está disponível para compra pelo site da editora Appris.
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