Dos 268.473 adolescentes de 12 a 17 anos residentes no Distrito Federal, cerca de 40% ainda não buscaram os pontos de vacinação para receberem a primeira dose dos imunizantes contra a covid-19. O número equivale a 107, 3 mil jovens. Os dados são da Secretaria de Saúde. Segundo gestores da pasta, há uma preocupação interna com esse e outros públicos que ainda não atingiram 100% de cobertura vacinal. A estimativa é de que cerca de 120 mil pessoas estão sem se imunizar contra o novo coronavírus no DF.
É o caso do neto de Judite Rodrigues, 59 anos, Alecsandro Rodrigues, 12 anos. Eles moram no Riacho Fundo 2, e o menino ainda não se vacinou contra o novo coronavírus. “Ele não quer. Vive questionando: ‘O presidente não tomou, por que eu tenho que tomar?’. Tento convencer, mas não tive sucesso até hoje”, conta a servidora pública. A avó afirma que, na família, há outras 13 pessoas que ainda não buscaram pela imunização. “A gente ouve tanta coisa, e acabam surgindo essas dúvidas”, comenta. Apesar disso, ela ainda não desistiu de levar o neto a um posto para iniciar a imunização contra a covid-19. “Quero, sim, que ele vacine, até porque as aulas presenciais voltaram, e pode ter casos de covid-19 por lá”, diz.
Durante coletiva realizada ontem, os gestores da Secretaria de Saúde manifestaram preocupação com a situação. “Vamos aproveitar o momento para pedir que a população procure os nossos postos, temos vacinas e precisamos aumentar e melhorar a cobertura vacinal”, disse o secretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero. “Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 120 mil pessoas ainda não se vacinaram (no DF). É uma estimativa”, completa. A fim de buscar soluções, a pasta pretende instalar pontos de atendimento em locais com maior fluxo de pessoas, como feiras e shoppings. Apesar da intenção, ainda não há um planejamento definido para essa ação.
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Rapidez
Além da Secretaria de Saúde, algumas escolas buscam incentivar a vacinação. A diretora da Escola Parque Anísio Teixeira, de Ceilândia, Neide de Sousa, afirma que há ações nas redes sociais e no pátio da escola. “Divulgamos as datas e os locais de aplicação das vacinas. Queremos que todos se vacinem o mais rápido possível, para termos condições de fazer um retorno 100% presencial e com segurança para todos”, diz.
Luisa (nome fictício), 44, é mãe de uma menina de 12 anos. Porém, ainda não definiu se vai ou não levar a filha para se vacinar. “Eu e meu marido temos muitas dúvidas, e ainda não sentamos para discutir o que seria melhor para nossa filha”, diz. Ela explica que a menina deve participar da decisão. “Nós vamos estudar e colocar os prós e os contras, quais seriam os impactos para ela”, completa.
Apesar de ainda não ter definido sobre a imunização da filha, Luisa diz que está vacinada. “Tive reações bem leves, inclusive”, conta. Ela foi vacinada com a CoronaVac, e não com a Pfizer/BioNTech, que é a única autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a ser aplicada em adolescentes.
Dúvidas
Regina Josino, 50, é servidora pública, e não perdeu a chance de levar a filha de 15 anos, Isabela Josino, para se vacinar contra a covid-19. “Além de mim, ela queria muito se vacinar. Foi um momento bem legal, ela estava ansiosa por isso”, comenta. Apesar disso, Regina diz que ainda não se sente relaxada. “Só vou mandar ela para aulas presenciais depois da segunda dose, e quando mais colegas estiverem imunizados também”, diz. Para ela, a pandemia exige atenção e cuidados. “Esse vírus é coisa séria, não se pode descuidar”, completa.
A taxa de transmissão da covid-19 — que mede a reprodução da pandemia — chegou, ontem, ao maior valor em 13 dias: 1,07. Foi o quarto aumento diário consecutivo. O resultado mostra que cada 100 infectados com a doença podem transmiti-la para outros 107. Índices acima de 1 demonstram que a pandemia está fora de controle. A taxa ficou menor que o numeral por uma semana no DF e voltou a ficar acima de 1 há três dias.
A média móvel de mortes chegou a 17,4 ontem — aumento de 48,8% na comparação com 16 de setembro. A mediana de infecções alcançou 875,6, alta de 26,4% em relação às duas últimas semanas. Foi o sétimo crescimento seguido do resultado. Entre quarta-feira e ontem, a Secretaria de Saúde confirmou mais 950 diagnósticos e 10 óbitos em decorrência da covid-19. Desde o início da pandemia, a capital federal acumula 10.464 mortes e 495.249 casos, dos quais 474.564 (95,8%) são considerados recuperados. Dos falecimentos notificados, quatro ocorreram ontem e três são de quarta-feira. O restante data de abril, maio e junho.
*Colaborou Ana Isabel Mansur