Depois da ampliação da vacinação contra a covid-19 aos adolescentes de 12 anos, última faixa etária autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a receber doses dos imunizantes, o Governo do Distrito Federal (GDF) se organiza para as próximas etapas, que devem focar na aplicação de segundas doses e terceiras doses, ou o reforço. Segundo o governador Ibaneis Rocha (MDB), o Executivo local não pensa em comprar vacinas diretamente e vai seguir dependente das entregas e das determinações do Ministério da Saúde.
"Não. Vou seguir o PNI (Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde)", disse Ibaneis, quando questionado sobre a compra de vacinas. Em agenda realizada nessa terça-feira (28/9), em São Sebastião, o governador detalhou a continuidade da campanha de imunização. "Vamos seguir o mesmo esquema que foi adotado no começo da vacinação. Primeiramente, os profissionais de saúde, e, depois, a população, de acordo com a idade", adiantou. Também na agenda, Ibaneis reforçou ser contra o passaporte de vacinação. "As restrições que teremos são as do decreto, que dizem respeito a estar vacinado para entrar em shows e eventos. Mas, o passaporte para entrar em restaurantes e ambientes não pretendo implantar", reforçou.
Em relação à continuidade da vacinação, o secretário de Vigilância em Saúde do DF e presidente do Comitê de Vacinação contra a covid-19, Divino Valero, reitera que a segunda dose e a imunização de quem ainda não se vacinou são prioridades. "O foco é convencer as pessoas a continuarem vacinando, para chegarmos a uma boa imunidade comunitária", afirma. Apesar disso, não há um planejamento concreto. "Vamos ter doses disponíveis e tentar uma busca dos não vacinados, mas não podemos obrigar ninguém", completa.
Divino destaca que a Secretaria de Saúde (SES-DF) vai ficar atenta ao comportamento do novo coronavírus. "Acreditamos que, ano que vem, veremos uma redução gradativa no número de casos diários, mas ainda é cedo para dar certeza", defende. Apesar do otimismo, o secretário de Vigilância em Saúde do DF afirma que a pasta vai continuar com o acompanhamento de variantes e com as medidas não-farmacológicas de prevenção. "Monitoramento é uma obrigação da SES e de todo o sistema de saúde. A vacina é fundamental, mas continuar com a prevenção é imprescindível para vencer a pandemia", alerta.
Preocupações
Infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Dalcy Albuquerque explica que a imunidade de rebanho, que seria alcançada quando 70% da população total completasse o ciclo vacinal, não é mais válida para covid-19. "É um vírus que tem muitas mutações, e as vacinas não respondem da mesma forma a todas as variantes. É por isso que vemos, agora, a necessidade de uma dose de reforço", argumenta.
Atualmente, podem receber a dose de reforço, no DF, idosos com 80 anos ou mais e imunossuprimidos graves com mais de 18 anos — que se encaixam no grupo de comorbidades. A aplicação da terceira dose possibilitou que a farmacêutica Natália Lopes de Freitas, 23 anos, acompanhasse o avô, Rubens Lopes Gonçalves, 80, na UBS 1 da Asa Sul para ele tomar o reforço. Emocionados, os dois comemoraram. "Perdi um primo e um sobrinho para a covid-19. Quem não quer tomar a vacina, não tem juízo", protesta Rubens. A prima de Natália e neta de Rubens, Isabela Lopes Borges, 13, estava junto e recebeu a primeira aplicação.
O infectologista Dalcy esclarece que, quando o DF chegar a 70% da população total com o ciclo completo, pode haver redução de casos graves e da circulação do vírus, o que deve inibir o surgimento de variantes. "Isso depende muito, também, do comportamento da população. A pandemia não acabou, não temos nem perto de 70% dos 3 milhões de habitantes imunizados e precisamos seguir com os protocolos de prevenção", completa.
A vacinação dos adolescentes com 12 anos ou mais começou com grande movimento, nessa terça-feira, no DF. Nesta quarta-feira (29/9), a Secretaria de Saúde disponibilizou 35 locais de atendimento a esse público e 28 para maiores de 18 anos. Nessa terça, o servidor público José Eduardo Lins, 54, levou os filhos, Enzo, 12, e Bernardo