Um levantamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal revelou que, de janeiro a 20 de setembro deste ano, foram notificados 15 casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), conhecida também como a síndrome pós-covid, em crianças e adolescentes.
A síndrome ocorre quando o organismo desenvolve uma resposta inflamatória sistêmica significativa, manifestada após contaminação com o novo coronavírus ou contato próximo com caso confirmado da covid-19. Apesar de ser considerada rara, ela pode ser grave em alguns casos.
“Daí nasce mais um motivo para investirmos na vacinação de toda a população e avançarmos na vacinação dos adolescentes e, mais para frente, quando a Anvisa liberar, na imunização das crianças. Apesar de a doença nelas evoluir de forma leve, não deixa de ser preocupante e não descarta a possibilidade de haver quadros graves, incluindo óbitos”, destaca a infectologista Ana Helena Germoglio.
Dos 15 casos registrados em 2021 no DF, sete são do sexo feminino e oito do masculino. Foram sete registros em crianças de 0 a 4 anos; sete em meninos e meninas de 5 a 9 anos; e um caso na faixa etária entre 10 e 14 anos. Não houve mortes neste ano, mas, em 2020, uma adolescente de 17 anos morreu.
A situação preocupa também a técnica de enfermagem Valeria Cavalcante de Melo, 46, e o bancário Laerte Cavalcante de Melo, 48, pais de Mel, 8, que aguarda a oportunidade de se vacinar. “Ela está correndo risco, porque está indo para a escola. No colégio, eles tomam muito cuidado, é tudo sempre esterilizado. Mas são crianças, a gente orienta, mas é mais difícil, e isso preocupa”, pontua Valéria, que tem mais duas filhas, uma de 21 e outra de 13, ambas vacinadas com a primeira dose.
De acordo com a pneumologista e vice-presidente da Sociedade de Pediatria do DF, Luciana de Freitas Velloso Monte, ainda não há uma forma de evitar a SIM-P. “Nós sabemos que é um estágio hiper inflamatório, mas não tem nada que possamos oferecer em relação à prevenção para uma criança que tem covid-19 e pode desenvolver a síndrome depois”, afirma.
“É possível ficar atento ao diagnóstico, para que seja rápido, precoce e que ela tenha o suporte necessário”, completa. Em geral, a criança pode desenvolver o quadro até seis semanas depois da testagem positiva.
Alta de casos
Nesse sábado (26/9), a chuva que refrescou o Distrito Federal ao longo da manhã não foi suficiente para desanimar os brasilienses, que foram até os postos. Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde, até agora, 2,17 milhões de pessoas receberam a primeira dose de imunizantes; 1,1 milhão, a segunda; e 2.267 a terceira, de reforço.
Os dados atualizados de infecções e mortes em 24 horas mostram a importância de se avançar rapidamente na campanha de vacinação. O DF confirmou 787 novos casos e 18 vítimas da covid-19 no período. Com a atualização, o total de mortos subiu para 10.382, e o de infectados, para 490.909 pessoas.
Após cinco dias de estabilidade, a média móvel de infecções alcançou 915,7 e teve nova alta, com crescimento de 31,78% na comparação com 14 dias atrás. O indicador para as mortes aumentou 28,24% em relação ao de duas semanas antes e chegou a 15,6 — o maior resultado desde 4 de setembro.
Colaborou Ana Isabel Mansur