CB.Saúde

Ansiedade e sintomas de humor atrapalham memória, diz psicogeriatra da UnB

Ao programa CB.Saúde, Maria Alice Toledo, médica especialista em geriatria e psiquiatria, fala sobre o Alzheimer e seus fatores de risco

A médica especialista em geriatria e psiquatria da Universidade de Brasília (UnB), Maria Alice Toledo, entrevistada desta quinta-feira (23/9) do CB. Saúde, uma parceria da TV Brasília com o Correio Braziliense, alerta para a importância de falar do Alzheimer não só no mês da doença. "Precisamos falar o ano todo, mas é importante ter o mês de conscientização porque dá holofote”, diz. Além disso, a médica alerta para a relação entre a pandemia e a doença, além do perigo do suicídio entre as pessoas mais velhas.

Alzheimer

Para a médica, o Alzheimer é um problema que vem aumentando com o tempo e se tornando uma questão de saúde pública. De acordo com ela, a estimativa é de que haja cerca de 50 milhões de pessoas com demência e Alzheimer e esse número pode vir a aumentar para 132 milhões até 2050. “É um paciente que tem mais tempo de hospitalização. Tem uma estimativa americana que atualmente se gasta cerca de US$ 800 milhões a 1 trilhão relacionado aos cuidados desses pacientes”, explica.

A psicogeriatra explica que, segundo estudos de um grupo da Organização Mundial da Saúde (OMS), há um total de 60% de fatores de risco para o Alzheimer que não são modificáveis. Dentre eles, estão os fatores genéticos. Esse comitê identificou que 40% desses fatores são modificáveis. A médica explica que o Brasil está mal na prevenção destes fatores modificáveis. São doze os fatores que podem ser evitados. Um deles é prevenir com a educação desde a escola. A ideia é aumentar a reserva cerebral.

Ansiedade

Ansiedade, depressão e falta de vitamina podem atrapalhar a memória, diz a médica, segundo ela isso não configura demência. Para ela, um aluno ansioso para fazer uma prova pode esquecer as coisas, mas não necessariamente por estar com a doença. “A ansiedade, sintomas de humor, tudo isso atrapalha a memoria”, diz.

Pandemia

Por ficarem em isolamento durante a pandemia, alguns idosos tiveram quadros de adoecimento mental, depressão e ansiedade. E pacientes que já tinham diagnóstico de demência tiveram a perda cognitiva acelerada. “Uma das coisas que a gente indica é a estimulação cognitiva”, informa.

Suicídio e Alzheimer

O idoso não é a faixa etária que mais tenta, mas é a que mais tem efetividade, diz a médica. “Tem que estar muito atento”, diz. Ela explica que, em relação ao Alzheimer, o idoso tem que estar ciente de seu diagnóstico, se possível um diagnóstico precoce para que ele possa decidir coisas importantes antes de perder a autonomia.

 * Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel