Durante o período de estiagem, o resplandecente céu de Brasília ganha seus contrastes. Em algumas tardes, presenteia a população com belos pores do Sol; mas, ao longo do dia, fica marcado por uma névoa seca e densa, que divide espaço com poucas nuvens. O cenário é comum, principalmente, nos meses de agosto e setembro, quando as baixas umidades e as temperaturas elevadas castigam os moradores do Distrito Federal.
Além de acender alertas para a saúde, o tempo causa outra preocupação: o risco de incêndios florestais. Quando o horizonte é de calor e seca, há mais chances de surgirem focos de queimadas no cerrado. Só neste ano, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) registrou 3.749 ocorrências desse tipo, que destruíram 14,6 mil hectares de vegetação — área equivalente a 20,5 mil campos de futebol.
Nos primeiros oito meses deste ano, o total ficou abaixo do verificado no mesmo período do ano passado: 9,45 mil hectares, contra 9,78 mil, em 2020, segundo o CBMDF. Ainda assim, para quem lida com o problema diariamente, a sensação de incômodo persiste. No início do mês, um incêndio florestal destruiu quase 10% da Floresta Nacional de Brasília (Flona). As chamas atingiram 806 hectares de uma área total de 9 mil, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A queimada durou dois dias.
De 1° de setembro até essa segunda-feira (20/9), houve 679 incêndios florestais na região da capital federal. Nesse período, eles atingiram uma área total de 5,17 mil hectares — correspondentes a 7,2 mil campos de futebol. No Park Way, por exemplo, algumas das queimadas têm afetado a fauna e a flora da região. Lá, a limpeza de lotes com uso de fogo tem expulsado famílias de capivaras e macacos das matas, devido à queima da vegetação natural. Com a mudança de direção dos ventos, o problema ainda oferece riscos para os moradores.
Também neste mês, regiões turísticas como Pirenópolis (GO), além do Parque Nacional de Brasília e da Estação Ecológica de Águas Emendadas, sofreram com queimadas intensas. Contudo, sozinhas, as altas temperaturas e a secura não são capazes de dar início às chamas, na maioria dos casos. “O combustível (para os incêndios florestais) é a vegetação seca nesta época, mas, sem o homem, não teríamos incêndios, mesmo com tanto calor e baixa umidade. O fogo precisa do ser humano”, explica Isabel Figueiredo, do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
A especialista reforça que a situação climática do DF neste período do ano cria condições favoráveis para que as chamas, uma vez acesas, tomem grandes proporções. “Todo fogo na seca é de origem humana, pois não existe combustão espontânea. As condições de temperatura e umidade, com a adição de ventos fortes, comuns no Cerrado nestes meses, fazem com que o fogo se propague rápido sobre a vegetação, já muito seca”, observa Isabel.
Cuidados necessários
- Não use fogo para limpar terrenos, lixo ou resto de podas de árvores;
- Após fumar, sempre apague o cigarro por completo e descarte-o em local adequado;
- Evite acender fogueiras ou levar itens capazes de produzir calor para áreas com vegetação;
- Ao identificar um incêndio, procure um local seguro, distante do fogo e da fumaça. Em seguida, ligue para o 193 e indique o local exato do foco, se possível, com pontos de referência.
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