Nesta época do ano, na qual a seca é predominante, casos de virose são comuns na população do Distrito Federal. O médico especializado em doenças infecciosas Hemerson Luz explica que o tempo resseca a mucosa nasal e facilita o aparecimento de algumas patologias, como alergias e crises de bronquite. Além disso, gripes e resfriados aumentam, pois ficam mais fáceis de serem transmitidos. “O vírus do resfriado, quando chega na mucosa, e ela está ressecada ou irritada, fica mais difícil de ter uma defesa local”, pontua.
Hemerson explica que com o tempo seco, há uma menor dispersão de poeiras e poluentes, que ficam mais concentrados na atmosfera. Isso pode causar irritação nas vias respiratórias, levando pessoas a terem crises de rinite. No entanto, esse quadro pode piorar e evoluir para casos mais graves, como bronquite.
Os sintomas iniciais são aqueles mais comuns, que hoje podem ser confundidos com o novo coronavírus. Coriza, dor de garganta e dor de cabeça estão entre as reclamações mais recorrentes. Mas é preciso ficar alerta, porque esses sintomas podem ser sinais de doenças perigosas como pneumonia ou sinusite. Caso haja persistência na febre por mais de 48h, ou se as vias nasais ficam comprometidas por alguma secreção, uma piora no quadro pode ter ocorrido.
Além das dores de cabeça e febre, se cansaço ou fadiga forem constatados, a recomendação é procurar o pronto socorro mais perto. O médico ainda ressalta que é comum nesse período, com quedas na temperatura, as pessoas tomarem menos água, gerando desidratação. A secura, alerta ele, afeta mais crianças e idosos.
Para a pequena Laís Neves, 2 anos, a situação ficou ligeiramente grave. A mãe Flávia Neves, 36, conta que a filha precisou ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por complicações decorrentes de uma virose. “Ela foi diagnosticada com bronquiolite e precisou ficar nove dias internada. Ela ficou em uso de oxigênio na UTI por um aparelho chamado cateter de alto fluxo”, explica.
Flávia percebeu que a filha precisava ser hospitalizada quando os sintomas persistiram ao longo dos dias. Segundo ela, tudo começou com sintomas gripais leves, mas evoluiu com piora respiratória. “Primeiro veio a coriza, depois tosse e febre. Logo em seguida, no terceiro dia, percebemos uma falta de ar significativa e a levamos para o hospital”, conta. Apesar do susto, Laís teve alta e já está em casa. A mãe afirma que a filha ainda faz acompanhamento com pneumologista e, também, faz uso de uma bombinha, para melhorar a respiração e evitar crises futuras.
O estudante de pedagogia, Leonardo Pereira, 22 anos, precisou lidar com algumas das complicações listadas pelo infectologista. “Tive uma virose nos últimos dias e a sensação é horrível. Nariz bem congestionado no começo, depois absurdamente seco. Tosse seca e um desconforto gigantesco no corpo. Esses sintomas me geraram certo desânimo”, conta. Segundo ele, sempre que ocorre alguma mudança repentina no clima, principalmente junto ao calor, os sintomas logo surgem.
O jovem sempre tem as mesmas queixas nessa época do ano, inclusive sofre com constantes sangramentos no nariz. Além dele, seu pai e irmão também tiveram episódios de virose. Para se livrar das dores, Leonardo destaca que sempre usufrui de opções caseiras para ajudar na recuperação. “Tento usar sempre soluções como chás e beber bastante água. Geralmente ajuda muito a combater os sintomas”, finaliza.
* Estagiário sob a supervisão de Ana Luisa Araujo
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