Em entrevista ao Correio, a psicóloga perseguida e ameaçada por um antigo paciente, de 61 anos, deu detalhes de como todo o caso começou. A profissional, de 30 anos, que prefere preservar a identidade, ainda teme que o homem volte a intimidá-la. A iniciativa para denunciá-lo veio depois da vítima receber uma mensagem em tom perigoso. “Se você não ficar comigo, não fica com mais ninguém”, escreveu o autor. Na última quinta-feira (16/9), ele foi preso em flagrante pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) dentro do próprio consultório e vai responder em liberdade.
A profissional atende o público infantil e também é neuropsicóloga de idosos. Longe das redes sociais, ela prefere manter os atendimentos por indicação. O autor deu início às consultas em dezembro de 2020. Depois, a psicóloga tirou férias e retornou no final de janeiro. A profissional só começou a desconfiar do homem no Dia dos Namorados, em 12 de junho, quando o idoso teria se declarado. “Ele me falou pessoalmente, disse que tinha se apaixonado por eu ser bonita e por estar atendendo ele. O que mais me deixou preocupada foi ele ter falado que estava com ciúmes”.
A partir daí, a psicóloga decidiu suspender os atendimentos, mas o homem se negou e a profissional começou a viver dias de terror. “Ele encaminhava mensagens e ligava corriqueiramente. Eu o bloqueei de tudo, mas ele criava novos perfis e telefonava de outros números. Foi terrível”.
Segundo o delegado Thiago Hexsel, da Delegacia Especializado de Atendimento à Mulher (Deam 1), ela ainda encaminhou o paciente para outro profissional do sexo masculino. “Mesmo a psicóloga não demonstrando interesse, o homem não parou de persegui-la após encerrar o tratamento”, explicou.
Gota d'água
Com as negativas, o homem decidiu aparecer ao consultório da vítima de surpresa. Para ela, a atitude foi a gota d’água: “Ele entrou na sala insistindo para que retomasse os atendimentos. Não respondi e logo fui registrar o boletim”.
Com as provas em mãos, a polícia montou campana dentro da clínica e aguardou pela chegada do paciente. Quando o homem entrou, foi abordado e preso. Ele responde pelo crime de ‘stalking’ (perseguição, em inglês), que pode resultar em pena de seis meses a dois anos.
Apesar disso, a vítima afirma que não se sente totalmente segura. “Não estou atendendo a nenhuma ligação, somente via WhatsApp. Acho que as pessoas estão passando dos limites, e aqui no DF tem ocorrido muitos casos desse tipo. Hoje, você ser bem tratado já é motivo para as pessoas interpretarem errado”.