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Infectologista pediátrico considera necessário manter vacinação de adolescentes

Após orientação do Ministério da Saúde pela suspensão da imunização de adolescentes sem comorbidades, médico Bruno Oliveira afirmou que vacinação é segura e deve continuar

A orientação pela suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades tem recebido críticas de especialistas da saúde. Infectologista pediátrico e integrante da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, o médico Bruno Oliveira comentou a decisão do governo federal em entrevista ao CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília —, nesta sexta-feira (17/9).

"A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) estão se manifestando contra. E temos, também, diversos países que começaram a vacinar esse público. Então, acredito que devemos, sim, prosseguir com a vacinação", afirmou à jornalista Carmen Souza.

Além disso, o médico comentou os casos em que houve registro de aplicação de doses diferentes da Pfizer/BioNTech em adolescentes. A ação contraria as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Pelo fato de não haver pesquisas conclusivas sobre os efeitos dos imunizantes CoronaVac, Oxford/AstraZeneca e Janssen no organismo de pessoas com menos de 18 anos, Bruno recomenda o acompanhamento "de perto" do público supostamente vacinado por engano. Mesmo assim, ele afirma que não são esperados efeitos adversos além dos geralmente verificados em adultos, como dores no corpo e de cabeça, cansaço, fadiga e febre.

Proteção das crianças

Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelaram que, em 2020, 1.207 mortes jovens de até 18 anos morreram devido à covid-19 no Brasil. Desse público, metade tinha até 2 anos. Sobre os resultados, o infectologista pediátrico comentou que, no início da pandemia, existia uma visão de que crianças não se infectavam nem transmitiam o novo coronavírus como os adultos. No entanto, o entendimento mudou.

Atualmente, sabe-se que meninas e meninos podem apresentar as mesmas reações ao vírus que um indivíduo adulto, segundo Bruno. "O sistema imunológico de crianças pequenas funciona de um jeito diferente. Elas são vítimas de outros tipos de infecção respiratória que são comuns e há, também, questões anatômicas funcionais, dos pontos de vista pulmonar e imunológico. Então, essas crianças estão em maior risco. E isso foi comprovado não só com a covid-19, mas com outros tipos de vírus também", ressaltou o médico.

Grávidas e idosos

Enquanto não chegam vacinas para pessoas com menos de 12 anos, as medidas de proteção recomendadas incluem a manutenção dos cuidados básicos com a higiene e a garantia da vacinação da família. O mesmo vale para grávidas e puérperas — pessoas na fase de pós-parto. "Um ponto importante da vacinação é que as gestantes tomem a vacina. Já foi comprovada a transmissão de anticorpos maternos que são importantes não só para o crescimento e o desenvolvido (do bebê), mas que protegem, também, contra várias doenças", afirmou Bruno.

Ele acrescentou que mães infectadas pela covid-19 podem manter o aleitamento dos recém-nascidos, mas também devem seguir todos os protocolos de cuidados com a saúde. "É importante que elas usem máscara e continuem amamentando, para proteger o bebê", recomendou o médico.

Em relação à vacinação da terceira dose ou ampliar a imunização de jovens, o infectologista considera a questão controversa. Porém, devido à necessidade de diminuir a taxa de circulação do novo coronavírus e de proteger pessoas com mais de 60 anos, o infectologista pediátrico acredita que a solução seja vacinar os dois grupos em conjunto.

Confira a entrevista na íntegra:

 

*Estagiária sob a supervisão de Jéssica Eufrásio

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