Obituário

Flory Machado Sobrinho, 77 anos

Ortopedista morreu vítima de um câncer. Em 1968, ele chegou a Brasília e participou da formação de diversos médicos

Conhecido como o “Cientista dos joelhos”, o médico ortopedista Flory Machado Sobrinho morreu aos 77 anos, vítima de um linfoma não Hodgkin (câncer que atinge o sangue), ontem. Gaúcho de Tupanciretã (RS), ele morava em Brasília desde 1968. Dois anos depois de sua chegada, estava inscrito no Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF). Um dos filhos, o também ortopedista Julian Machado, 46, destaca que o pai participou da formação de muitos médicos, como estudantes da Universidade de Brasília (UnB), onde ele era professor-assistente. “Ele (Flory) trabalhou por muitos anos no HUB (Hospital Universitário de Brasília), e, mais de 40 anos, como preceptor da residência médica no Hospital de Base. Foi professor para várias gerações de ortopedistas de Brasília”, orgulha-se.

Em 2011, passou a atuar em uma clínica particular na Asa Sul, onde atendia gratuitamente pessoas sem condições de pagar pelo tratamento médico e não conseguiam vaga no Hospital de Base. Flory foi médico esportivo do extinto clube de futebol da capital federal Ceub. Na década de 1980, foi presidente da Regional do DF da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e foi vice-presidente da SBOT nacional.

Julian recorda-se de um jantar que participou junto ao pai, após um jogo amistoso entre as seleções de masters de Brasília e do Brasil, em 1990, no antigo estádio Mané Garrincha. “Ele jogou a partida, e o Rivelino, o Gérson, o Carlos Alberto Torres e o Zico nos convidaram para um jantar em um hotel onde eles estavam hospedados, em Brasília. Isso mostra como ele era querido”, revela Julian Machado. Os visitantes venceram por 1 x 0 — gol de Zico.

O velório e sepultamento de Flory Machado ocorreu à tarde, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul. Além de Julian, o ortopedista deixa a filha Bianca Machado, 42, que é farmacêutica, e cinco netos

Administradora da clínica onde Flory atuava desde 2011, Iza França, 47, comenta que a relação do médico com os pacientes e os funcionários era de muito carinho. “O Dr. Flory era uma das pessoas mais humanas que eu conheci, mais caridosas, amigas e preocupadas com o próximo. A gente brincava que ele não precisava mais atender (as pessoas), e ele falava com o sotaque gaúcho dizendo ‘não posso deixar os meus doentes’. A maioria dos pacientes que ele atendia era por cortesia”, afirma.