O servidor público aposentado do Banco Central que estaria sendo vítima de maus-tratos e cárcere privado pela própria esposa, Maruzia das Garças Brum Rodrigues, 52 anos, está com sob os cuidados de uma das enteadas.
Por telefone, a filha da suposta agressora contou que a mãe - indiciada pelas denúncias - pediu a um dos advogados que levasse o aposentado à 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Centro, que apura o caso. Com a ajuda do delegado, a família foi avisada e recebeu o homem por volta das 17h40.
“Está tudo bem. Ela entregou os cartões, porém tem parte do salário dele. Ele está com medo, relutante, um pouco desconfiado, mas isso é consequência de todos esses anos de abusos”, detalha. Ela conta que o servidor já falou com toda a família: “Amanhã vamos levá-lo a um psiquiatra, para que receba os cuidados necessários”.
Embora a presença do servidor traga tranquilidade à família, eles não possuem a guarda do servidor. Provisoriamente, o Ministério Público deu um parecer favorável a curatela, o que pode adiantar a emissão da guarda para os enteados. “Ele está aliviado e nós também. Vamos pedir uma pizza para comemorar”, concluiu a enteada.
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Entenda o caso
Na semana passada, os filhos de Maruzia procuraram o Correio Braziliense denunciaram a mãe pela prática de abusos e a subtração da aposentadoria do companheiro. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso com base em fotos e vídeos apresentados pelos denunciantes.
Em 2002, ela conheceu o servidor, que morava sozinho à época em um apartamento no Sudoeste. Os dois passaram a morar juntos e não demorou muito para os filhos dela começarem a notar que tinha algo de errado. “Meu padrasto sempre foi uma pessoa ativa, que corria no parque, nadava no clube, dirigia, namorava e vivia uma vida normal, feliz”, contou a enteada mais velha, que trabalha como policial militar do DF.
Natural do Rio de Janeiro, o homem veio para Brasília em 1998, ano em que tomou posse no cargo de especialista do Banco Central em 9 de julho e entrou em exercício em 15 de julho, como consta nos documentos do Banco. Solteiro e sem filhos, ele deixou a mãe e dois irmãos no Rio e logo parou de ter contato com os mesmos. Poucos anos depois, foi quando conheceu Maruzia. Muito bem organizado, o servidor tinha mania de “toque” e algumas manias. “Ele deixava os livros separados por ordem alfabética, tinha planilha de gastos e as roupas sempre bem organizadas. Minha mãe começou a dizer que ele tinha problemas psiquiátricos e o levou em diversos médicos. Foi quando ele começou a tomar inúmeros remédios com alta dosagem”, detalhou a filha.
A situação foi piorando, até que os filhos perceberam que o padrasto passava a maior parte do dia dopado, deitado em uma cama, sem conseguir fazer as atividades básicas do dia-a-dia, como colocar comida no prato e tomar banho.