Com o anúncio do funcionamento de estabelecimentos comerciais no feriado de terça-feira (7/9), donos de lojas, bares e restaurantes aproveitaram a data para abrir as portas, na tentativa de reverter as perdas do período de pandemia. A medida adotada para o 7 de Setembro animou os trabalhadores do setor e antecedeu outra de agrado da categoria: a possibilidade de retomar os horários de funcionamento previstos em alvará. A flexibilização foi autorizada na semana passada, por meio de decreto distrital.
Apesar das vendas abaixo da média para a data, trabalhadores ambulantes, de shoppings e de estabelecimentos do ramo de alimentação comemoraram a movimentação na cidade, devido às manifestações contra e a favor do governo federal. O balanço parcial de representantes desse segmento registrou melhora tímida, contudo. Para eles, além dos protestos, a saída de brasilienses do DF, por causa do feriado prolongado, e as altas temperaturas do dia tiveram efeitos na procura pelo comércio.
O Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhobar) esperava alta de 20% a 25% nas vendas em relação aos dias úteis. No entanto, filiados relataram incremento de 10% no faturamento. “Os estabelecimentos mais próximos da Esplanada, onde houve a manifestação, tiveram movimento um pouco melhor. Mas, na 405 Sul, por exemplo, todos dizem que o movimento foi mediano, nada excepcional”, afirmou Jael Silva, presidente da entidade patronal.
A reportagem visitou um bar na 204 Sul e encontrou muitos clientes, no estabelecimento. O gerente do espaço, Derley Cavalcante, 28 anos, afirmou que o local teve lucro cinco vezes maior que o de uma noite toda de funcionamento — até a 1h, antes da publicação do decreto da semana passada. “O fluxo começou a aumentar a partir das 14h, por causa das manifestações. Veio um pessoal que procurou um lugar para curtir e beber um pouco. Hoje (ontem), 50% do meu público era de fora de Brasília. Até aumentei a quantidade de segurança, pensando que haveria algum problema, mas a galera ficou tranquila”, comentou Derley.
Desempenho
Em relação às lojas de rua, o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista) calculou que, no máximo, 30% dos estabelecimentos do setor abriram as portas no feriado. A entidade verificou baixa procura por parte do público, que não aproveitou a data para gastar com bens pessoais. “Em função das manifestações, muita gente teve medo de sair às ruas. Além disso, o forte calor desencorajou as pessoas de ir às compras. Bares, restaurantes e lanchonetes, além das lojas de shopping, tiveram um desempenho melhor”, informou.
O gerente de um restaurante na 407 Sul contou que o movimento ficou dentro da média esperada para todo o DF, segundo o Sindhobar. O estabelecimento teve lucro 20% maior que nos dias úteis. “Não nos surpreendemos. Nosso movimento em 7 de Setembro é sempre o melhor do ano, maior que no Dia das Mães e no Dia dos Namorados. Com esses protestos, nós nos preparamos desde a semana anterior para atender o público”, disse Ronaldo Moura, 37.
O responsável pelo restaurante acrescentou que, das 11h40 às 16h, o local tinha diversos clientes na fila de espera: “Ficamos com a área externa lotada. Outro detalhe é que 98% do nosso público estava nas manifestações. Tinha muita gente de fora (do DF) também, e nosso bufê foi mais vendido”. A reportagem tentou contato com assessorias de shoppings, mas elas informaram que o balanço do feriado sairá hoje. A do ParkShopping comunicou que houve movimento grande de consumidores, mas não foi possível dizer se o aumento do fluxo decorreu do 7 de Setembro ou da liquidação do mês.