Uma megaoperação deflagrada ontem, no Distrito Federal e em São Paulo, terminou com quatro pessoas presas e 93 carros de luxo apreendidos. Os veículos, avaliados em cerca de R$ 40 milhões, pertenciam a uma quadrilha especializada em crimes de estelionato e lavagem de dinheiro. O grupo é suspeito de aplicar o conhecido “golpe do motoboy”, por meio do qual os bandidos se passavam por funcionários de bancos para fraudar cartões de clientes das instituições financeiras.
Coordenada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), a operação envolveu 130 policiais civis. As equipes cumpriram quatro mandados de prisão temporária e 21 de busca e apreensão em cidades do DF, em São Paulo (SP), no Guarujá (SP) e em São Caetano (SP). Um homem foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. “Os criminosos se passavam por funcionários de banco para ludibriar as vítimas, conseguir acesso aos cartões bancários, fazer compras e sacar dinheiro em alta quantia”, detalhou o delegado à frente do caso, Adriano Valente.
Entre os veículos apreendidos em São Paulo, há modelos das marcas Porsche, Mercedes-Benz e BMW. Além disso, a polícia visitou imóveis e bloqueou valores das contas-correntes dos alvos da operação. No decorrer das investigações, os agentes chegaram ao núcleo criminoso, que atua em São Paulo e recebia dinheiro de organizações criminosas do Distrito Federal e de outras partes do país. Uma pessoa foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
A Polícia Civil de São Paulo também participou da força-tarefa. Nos endereços visitados nas duas unidades da Federação, os investigadores encontraram R$ 580 mil, além de centenas de chips de celulares e cartões bancários supostamente usados nas transações criminosas da organização. “Verificamos que esse grupo, radicado em São Paulo, dedicava-se, sobretudo, à lavagem do dinheiro conseguido por meio da aplicação do golpe do motoboy e à coordenação de demais quadrilhas que atuam no Brasil”, ressaltou o delegado.
Como agiam
Para aplicar os golpes, os estelionatários se passavam por funcionários de agências bancárias e entravam em contato com as vítimas, a maioria delas idosas. Os criminosos informavam sobre supostas fraudes nos cartões e ofereciam o serviço de um motoboy, que ia à casa dos alvos da quadrilha para buscar o item. Em posse do bem, os bandidos faziam compras de alto valor, como de televisores, smartphones e outros aparelhos eletrônicos.
As investigações dão continuidade à Operação Lothur, deflagrada em 2018 e voltada a desarticular um grupo criminoso que atuava no DF aplicando o mesmo tipo de golpe. O grupo atuava de maneira semelhante e efetuava saques ou faziam compras com os cartões das vítimas. À época, 12 integrantes da quadrilha foram indiciado.
Com o andamento das investigações, a Polícia Civil do DF identificou o grupo criminoso de São Paulo, responsável por coordenar a ação dos estelionatários que agiam na capital federal e em outras partes do país. A base da quadrilha tinha uma central telefônica e controlava toda a movimentação financeira por meio da lavagem de dinheiro. Em dois anos, o grupo conseguiu abrir uma rede de lojas de carros de luxo, com faturamento de quase R$ 14 milhões em 2020.