A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) recebeu, na terça-feira (28/9), uma ligação inusitada na Central de Operações. Uma mulher pedia, assustada, uma pizza para ser entregue na Ceilândia Sul. No áudio ao qual o Correio teve acesso, é possível notar o medo e o tom baixo com que a mulher fala ao telefone (veja transcrição). O Sargento Fabio Cabral, que atendeu a ocorrência, relata que, ao chegar na casa da vítima, a encontrou com uma criança de aproximadamente 1 ano no colo.
“Fomos recebidos (na casa) pelo irmão da vítima, que possibilitou a entrada. Chegando no loca,l havia uma senhora com uma criança de aproximadamente 1 ano em seu colo. Ao lado dela, um homem que conversava muito baixo. Solicitei que ele saísse da residência, acompanhado de mais dois soldados. Conversando com a senhora, tivemos a informação de que ela estava sendo ameaçada por uma faca pelo marido, que amolava (a faca) na sua frente”, conta.
Na ligação em que pedia uma “pizza”, a mulher conseguiu avisar que se tratava de uma arma branca. No áudio, a voz da mulher fala em voz baixa e é possível ouvir muitos ruídos ao fundo.
Confira a transcrição:
PM: — Polícia Militar, emergência.
Vítima: — (...)
PM: — Polícia Militar, emergência.
Vítima: — (ruídos).
PM: — Polícia Militar, emergência.
Vítima: — Pizza de pepperoni.
PM: — Me passa o endereço.
(endereço sussurrado).
Vítima: — Arma branca, arma branca.
PM: Calma, senhora. (Confirma o endereço). Já vou pedir a unidade, senhora.
(termina a ligação).
Trauma
A casa da mulher ficava nos fundos da residência do irmão. A mulher tinha medo do marido e sofria a mesma relação que a mãe sofria nas mãos do pai. “O pai (da vítima) ameaçava a mãe dela com uma faca, falando que iria matar ela. E isso aconteceu, realmente. O pai da vítima, pelo que ela contou, acabou matando a mãe. O marido dessa vítima estava fazendo a mesma coisa”, relata o porta-voz da PMDF, major Michello Bueno.
O companheiro da mulher foi preso e levado para a 15°DP, da Polícia Civil do DF. “Ela contou que já foi agredida outras vezes, mas, por medo, não tinha denunciado. O irmão também tinha medo do marido dela, porque ele é bem grande”, acrescentou o militar.
Memória
O sargento que atendeu a ocorrência disse que a solicitação de pizza, diante das notícias veiculadas pela mídia, foi encarada como um possível caso da Lei Maria da Penha. Outro caso semelhante teve repercussão nacional. A vítima, de Andradina, interior de São Paulo, ligou para a polícia fingindo pedir uma pizza. O soldado Cássio Júnior dos Santos, do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), estranhou o pedido e informou que ela estava ligando para o serviço de emergência da PM. A mulher respondeu que sabia e o policial entendeu que se tratava de um caso de violência e enviou uma viatura para atendê-la no local.
Como pedir ajuda:
- Disque 190
- Ouvidoria do MPDFT
Telefones: 0800 644 9500 ou 127, das 8h às 19h - Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEAMs)
Unidades: Planaltina, Ceilândia e 102 Sul - Centros Especializados de Atenção às Pessoas em Situação de Violência (Cepavs)
Unidades: nos hospitais regionais ou policlínicas - Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência — Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia) - Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172 - Disque 100 — Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
Saiba Mais
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.