Apesar do alívio que o início do período chuvoso trouxe aos brasilienses, é preciso se atentar a um problema intensificado pela nova fase meteorológica: o aumento dos casos de dengue. Do próximo mês até maio, com mais precipitações previstas, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) espera um crescimento dos registros da doença, que tem caráter sazonal. Nesse intervalo, os cuidados devem ser redobrados, com atenção especial a possíveis depósitos de água em pneus, garrafas e outros recipientes capazes de se tornar focos de proliferação para o mosquito Aedes aegypti.
Neste ano, na comparação com 2020, a pasta verificou queda nos casos da doença. O mais recente boletim epidemiológico da SES-DF, divulgado no sábado, mostrou redução de 72,7% nos registros prováveis de dengue (leia Classificação), em relação a igual período do ano passado. À exceção de Planaltina, que observou crescimento de 28,3% nas notificações, todas as cidades apresentaram queda nos números da dengue. A Região Norte de Saúde — formada por Sobradinho 1, Sobradinho 2 e Fercal — teve a menor redução entre as sete consideradas (leia Regiões administrativas).
Para Bergmann Ribeiro, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (ICB/UnB), a redução dos registros pode ter ligação com uma possível falta de acompanhamento dos casos. “A dengue é sazonal, e não se sabe explicar muito bem o porquê das variações de um ano para outro. Mas, durante a pandemia, é possível que a explicação esteja na subnotificação. As pessoas não foram aos hospitais, não fizeram exames nem se preocuparam com a doença. Além disso, as unidades de saúde estavam — e estão — focadas no combate à covid-19. Muitas pessoas podem não ter procurado atendimento e, talvez, quem procurou não encontrou”, ponderou.
A Secretaria de Saúde destacou que a rotina de cuidados e de combate ao mosquito se mantém durante todo o ano, com ações que vão desde o tratamento de focos, com inseticidas e larvicidas, ao bloqueio deles, com aplicação desses produtos em territórios específicos e a realização de visitas domiciliares. “O trabalho da Vigilância Ambiental ocorre em conjunto com o da Vigilância Epidemiológica, e vários (outros) órgãos do GDF trabalham nas ações contra a dengue. Estão envolvidas as secretarias das Cidades, de Agricultura, Educação, Comunicação, a Casa Civil, o Serviço de Limpeza Urbana, a DF Legal, o Corpo de Bombeiros, as administrações regionais, entre outras”, informou a pasta, em nota.
O texto reforça a importância de a população receber os agentes de saúde, mas identificá-los antes, para evitar golpes. Eles visitam as residências com crachá funcional e devidamente uniformizados. Em relação à subida de casos na Região Norte de Saúde, Renata Mercez, diretora de Atenção Primária nessa área, explicou que a quantidade de territórios rurais tem relação com as notificações.
“Temos a maior área rural do DF. E fazemos ações em alguns locais em relação ao acúmulo de lixo nas margens das estradas e em terrenos. Nesses locais, há rios, cachoeiras e matas fechadas, e a população guarda água em galões. A atenção precisa ser próxima. Por isso, a vigilância ambiental visita, passa orientações quanto à proteção de caixas d’água com telas. Temos intensificado, de janeiro para cá, as ações de recolhimento de resíduos, as visitações, as orientações por rádio e a limpeza de calhas. Esperamos que todas essas medidas prévias à chuva segurem o (possível) aumento de casos”, comentou a gestora.
Classificação
Casos prováveis são registros de dengue notificados pelas autoridades sanitárias, excluídos aqueles descartados por meio de diagnóstico laboratorial negativo ou com confirmação para outras doenças. A nomenclatura é usada pelo Ministério da Saúde desde 2016, bem como por secretarias municipais e estaduais.
Registros*
Notificações — 2020 / 2021
Casos prováveis — 44.759 / 12.240
Casos graves — 70 / 10
Mortes — 43 / 10
*De 1º de janeiro a 23 de setembro
Fonte: SES-DF
Ações preventivas
Cuidados para evitar a proliferação de focos da dengue
- Mantenha as garrafas com a boca virada para baixo;
- Remova folhas, galhos e tudo que possa entupir calhas;
- Encha os pratinhos de vasos de plantas com areia até a borda;
- Não deixe água acumulada em folhas secas e tampas de garrafas;
- Mantenha a caixa d’água bem fechada e coloque tela no “ladrão”;
- Limpe a bandeja do ar-condicionado, para evitar acúmulo de água;
- Mantenha ralos fechados ou coloque uma tela para impedir a entrada do mosquito;
- Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha-os fora do alcance de animais e em lixeiras bem fechadas.
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