As duas mulheres acusadas e presas por venderem vagas de cirurgias no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) foram liberadas pela Justiça, na tarde desta quinta-feira (24/9), após audiência de custódia. Marlenita do Nascimento, 56 anos e técnica de enfermagem da unidade, e Sônia Lopes de Sousa, haviam sido presas em flagrante por corrupção passiva após uma vítima denunciar a cobrança por vagas na rede pública de saúde.
Apesar da soltura, a Justiça impôs algumas condições para as duas mulheres. Elas não podem se ausentar do Distrito Federal por mais de 30 dias a não ser que sejam autorizadas judicialmente; não podem mudar de endereço; não podem manter contato entre si; e apenas Sônia Lopes não pode retornar ao local dos fatos.
O caso
A operação “evento ilícito”, deflagrada pela 38ª Delegacia de Polícia (38ªDP), foi responsável pela prisão das autuadas na manhã desta quinta-feira (23/9). Uma vítima informou, na delegacia, que Sônia Lopes estava intermediando uma negociação para agendar um procedimento com uma funcionária do hospital.
“A operação foi deflagrada após uma vítima procurar a delegacia. Ela disse que tinha um irmão na fila do Hran para realizar uma cirurgia de hérnia e que ele estava nessa fila há cinco anos. Comentando com uma amiga, essa mulher disse que conhecia uma funcionária do Hran que poderia agilizar o agendamento, mas que cobrava uma taxa para marcar a cirurgia”, apontou João Ataliba Neto, delegado-chefe da 38ª DP.
Alguns dias depois da vítima dizer ter interesse no agendamento, Sônia Lopes teria informado que a sua conhecida pediu que ela realizasse os exames do irmão. Uma semana depois, a mulher avisou que estava tudo certo para o agendamento, que havia aparecido uma vaga para o procedimento na próxima sexta-feira (24/9) e que faltava somente o pagamento para a cirurgia ser agendada. O valor seria de R$ 1,5 mil.
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF afirmou que a direção do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desconhece a venda de vagas para realização de cirurgias no hospital e repudia qualquer ato ilícito praticado por parte dos servidores. “A direção destaca que todas as cirurgias eletivas são reguladas, agendadas pela Central de Regulação, respeitando critérios de prioridade, levando em conta principalmente a gravidade de cada caso. O encaminhamento de pacientes para cirurgias é rigorosamente acompanhado pelo Ministério Público, não sendo possível interferências que permitam privilégios”, disse no texto.
A pasta acrescentou que a direção do hospital está alinhada com a polícia e vai colaborar com as investigações. “Paralelamente à investigação da Polícia Civil, foi instaurado procedimento investigativo na Controladoria da Secretaria de Saúde. Apuradas as responsabilidades e com a confirmação da prática ilegal, a servidora sofrerá as sanções administrativas previstas em lei, que incluem demissão.”
A Secretaria de Saúde ressaltou que os serviços prestados na rede pública são totalmente gratuitos. Qualquer cobrança é irregular e deve ser denunciada.
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