Uma servidora do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) foi presa em flagrante pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na tarde da última quarta-feira (22/9), por vender cirurgias na rede pública. A operação “evento ilícito”, deflagrada pela 38ª Delegacia de Polícia (38ªDP), investigou Marlenita do Nascimento Silva, 56 anos, técnica de enfermagem do Hran, e Sônia Lopes de Sousa.
Uma vítima informou na delegacia que Sônia Lopes estava intermediando uma negociação para agendar um procedimento com uma funcionária do hospital. “A operação foi deflagrada após uma vítima procurar a delegacia. Ela disse que tinha um irmão na fila do Hran para realizar uma cirurgia de hérnia e que ele estava nessa fila há cinco anos. Comentando com uma amiga, essa mulher disse que conhecia uma funcionária do Hran que poderia agilizar o agendamento, mas que cobrava uma taxa para marcar a cirurgia”, apontou João Ataliba Neto, delegado-chefe da 38ª DP.
Alguns dias depois da vítima dizer ter interesse no agendamento, Sônia Lopes teria informado que a sua conhecida pediu que ela realizasse os exames do irmão. Uma semana depois, a mulher avisou que estava tudo certo para o agendamento, que havia aparecido uma vaga para o procedimento na próxima sexta-feira (24/9) e que faltava somente o pagamento para a cirurgia ser agendada. O valor seria de R$1,5 mil.
Após a denúncia da irmã da vítima, os policiais foram até a casa de Sônia e efetuaram a prisão. Na delegacia, ela colaborou com a investigação, informando o nome de sua comparsa e autorizando o acesso dos policiais ao seu celular. Em seguida, os agentes da 38ªDP efetuaram a prisão de Marlenita do Nascimento, no Hran.
As envolvidas foram presas em flagrante pelo crime de corrupção passiva e conduzidas à carceragem da DCCP, onde permanecerão à disposição da Justiça. Se condenadas, as penas podem chegar a 12 anos de prisão.
Rede pública
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF afirmou que a direção do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desconhece a venda de vagas para realização de cirurgias no hospital e repudia qualquer ato ilícito praticado por parte dos servidores. “A direção destaca que todas as cirurgias eletivas são reguladas, agendadas pela Central de Regulação, respeitando critérios de prioridade, levando em conta principalmente a gravidade de cada caso. O encaminhamento de pacientes para cirurgias é rigorosamente acompanhado pelo Ministério Público, não sendo possível interferências que permitam privilégios”, disse no texto.
A pasta acrescentou que a direção do hospital está alinhada com a polícia e vai colaborar com as investigações. “Paralelamente à investigação da Polícia Civil, foi instaurado procedimento investigativo na Controladoria da Secretaria de Saúde. Apuradas as responsabilidades e com a confirmação da prática ilegal, a servidora sofrerá as sanções administrativas previstas em lei, que incluem demissão.”
A Secretaria de Saúde ressaltou que os serviços prestados na rede pública são totalmente gratuitos. Qualquer cobrança é irregular e deve ser denunciada.
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