A Polícia Federal investiga um suposto esquema que pode ter resultado no desvio de mais de R$ 10 milhões em recursos da União. Ontem, agentes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão, no DF e em Minas Gerais, para apurar irregularidades na Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) — vinculada à Universidade de Brasília (UnB) — e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O dinheiro público redirecionado para fins pessoais destinava-se ao financiamento de projetos de pesquisa.
A operação, intitulada Klopês — termo grego que faz referência a crimes contra o patrimônio —, teve apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e participação de, aproximadamente, 50 policiais. Além de busca e apreensão, houve sequestro de R$ 2 milhões em bens e valores. Os mandados partiram da 10ª Vara Criminal da Justiça Federal no DF. As investigações tiveram início neste ano, a partir de um relatório do órgão de controle. O documento revelou que as atividades dos integrantes do suposto esquema ocorreram entre 2015 e 2020.
Os investigados pela operação teriam gastado recursos para pesquisas com diárias em hotéis de luxo e para pagar viagens não relacionadas aos projetos. Eles também transferiam valores para a conta pessoal do coordenador de um dos estudos, pagavam bolsistas em duplicidade e usavam o dinheiro para financiar despesas supérfluas, como um imóvel de alto padrão em Brasília. Os envolvidos podem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato — desvio ou apropriação de bens públicos para fins pessoais, cujas penas podem chegar a 22 anos de prisão.
Consultada pela reportagem, a Finatec informou que atua nas gestões administrativa e financeira dos projetos de pesquisa, ensino e extensão das instituições apoiadas. Cabe a elas, segundo a fundação, promover o acompanhamento técnico, científico e acadêmico das propostas. “A Finatec mantém compromisso com a ética e integridade, tendo implementado o programa de governança corporativa e compliance, procurando mitigar riscos de atuação e, principalmente, cumprir a legislação vigente”, afirmou. A instituição acrescentou que disponibiliza dados por meio de um portal da transparência, que cumpre a legislação em toda a atuação e que está à disposição das autoridades.
A UnB explicou que a Finatec é uma fundação privada e que a instituição de ensino tem contratos de gestão administrativa e financeira, segundo previsto na Lei nº 8.958/1994. “Desde 2017, a UnB tem aprimorado o acompanhamento e a gestão dos projetos de pesquisa, ensino e extensão, por meio de diversas ações”, ressaltou, em nota. O texto cita, ainda, a Câmara de Projetos, Convênios, Contratos e Instrumentos Correlatos (Capro), que avalia, “com bastante rigor, o mérito institucional e a prestação de contas de processos envolvendo celebração de instrumentos jurídicos”.
Já o CNPq comunicou que não foi notificado pelos órgãos responsáveis pela operação e que a instituição ou os gestores dela não são alvos da força-tarefa. “Dessa forma, só podemos nos manifestar quando tivermos informações sobre os projetos investigados. Os apoiados pelo CNPq cumprem procedimentos legais e, sempre que são identificadas inconsistências ou irregularidades, são tomadas as medidas cabíveis”, enfatizou a instituição.
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