TRÂNSITO

Participantes de racha que resultou em morte de pedestre corriam a quase 120km/h

Em julho, Lucas Rodrigues atropelou e matou uma mulher enquanto disputava um pega com Alisson Herbert, em Taguatinga. Os motoristas responderão por homicídio doloso, omissão de socorro e prática de racha

Renata Nagashima
postado em 17/09/2021 06:00 / atualizado em 17/09/2021 06:55
Lucas Rodrigues e a namorada após esconderem o veículo após o atropelamento -  (crédito: PCDF/Divulgação)
Lucas Rodrigues e a namorada após esconderem o veículo após o atropelamento - (crédito: PCDF/Divulgação)

Lucas Rodrigues Abreu, 23 anos, e Alisson Herbert de Jesus Reis foram indiciados pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pela morte de Sheila Mendonça, 43, atropelada em uma faixa de pedestres, na QNL 13, em Taguatinga, em 2 de julho. De acordo com o delegado Mauro Aguiar, da 17ª Delegacia de Polícia, por volta da meia-noite, os dois disputavam um racha quando Lucas atingiu Sheila, que andava com o marido e a filha. Os dois vão responder por homicídio doloso, com intenção de matar.

A vítima foi arremessada a cerca de 40 metros, e os dois condutores fugiram sem prestar socorro. Câmeras de segurança registraram o momento em que Lucas e a namorada saem de Uber após esconderem o veículo no prédio onde o rapaz mora. O carro foi apreendido horas depois, mas os responsáveis só se apresentaram na delegacia três dias depois.

Em depoimento, Lucas e Alisson negaram as acusações de que estariam em uma corrida. No entanto, uma testemunha que estava em outro veículo admitiu que Lucas e Alisson disputavam racha. “A gente não sabia que eles estavam apostando rachinha. Aí depois eles confirmaram. Como estava muito rápido, eles não viu, não foi porque quis”, disse a testemunha que não teve o nome revelado.

Perícias feitas baseadas nas imagens das câmeras de monitoramento constataram que a velocidade do veículo dirigido por Lucas era de 119,5 km/h e a do carro conduzido por Alisson, de 115 km/h, sendo que a velocidade máxima da via é de 50 km/h.

O delegado responsável pelo caso afirmou que eles serão indiciados pelos mesmos crimes, uma vez que os dois assumiram o risco de matar, e a ação de um influenciou a do outro. “Se o Alisson não tivesse aderido conduta do Lucas e vice-versa, o resultado seria outro. Os dois participavam do racha, por isso, não tem coautor, os dois são responsáveis”, explica.

O condutor do veículo que atropelou Sheila morava a 150 metros do acidente. Segundo o delegado, ele passava pelo local diariamente, conhecia a via e sabia da existência de uma faixa de pedestre. “Ele não pode alegar desconhecimento do local. Ele não poderia passar naquela velocidade e tirar a vida de uma mulher de forma abrupta”, afirma.

Lucas Rodrigues e Alisson Herbert estão soltos por serem réus primários e terem se apresentado espontaneamente. Os dois vão responder pelos crimes de homicídio com dolo eventual na direção de veículo automotor, omissão de socorro e prática de racha, podendo ser condenados a pena de 10 a 20 anos de reclusão. O Correio tentou contato com as defesas dos suspeitos, mas não teve resposta.

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Campanha aborda acidentes fatais

“No trânsito, sua responsabilidade salva vidas”. Este é o tema da Semana Nacional de Trânsito, que começa hoje e vai até o dia 25 de setembro. A abertura acontece no Museu Nacional da República, com uma série de atividades educativas. O objetivo é conscientizar os condutores e pedestres para a necessidade de se reduzir os acidentes fatais nas vias.

Somente este ano, 95 pessoas morreram em ocorrências de trânsito no DF. É uma média de 11,9 (12) vidas perdidas por mês. Mesmo alta, a taxa já é um avanço. Comparativamente, as estatísticas deste ano apresentam uma redução em relação à média mensal do ano anterior. Em 2020, foram 212 pessoas mortas no trânsito da capital federal, mensalmente, 17,7 vidas perdidas. Apesar da redução, é necessário atenção e cuidado ao dirigir.

Para o especialista em trânsito Wellington Matos, existem caminhos a serem trilhados para um trânsito mais pacífico. A principal forma de construir essa realidade é por meio da educação. Sobre a redução de acidentes observada nos últimos meses, ele contextualiza com a pandemia. Em 2020, foram 17,2 acidentes por mês, enquanto nos primeiros oito meses deste ano, a média ficou em 11,1. No ano passado, foram registrados 206 acidentes fatais, contra 89 ao longo deste ano. “É significativo, sobretudo porque ano passado tínhamos uma pandemia mais reservada, saímos pouco de casa. Atualmente, saímos muito mais”, ressalta.

Wellington alerta sobre os cuidados necessários ao dirigir.“Não fazer uso do celular ou de qualquer coisa que disperse a atenção ao dirigir. Ter uma visão de pelo menos 30 metros para tomar decisões. Além de não dirigir após o consumo de bebidas alcoólicas”, enumera.

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