A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) indiciou, nessa segunda-feira (13/9), Maruzia das Graças Brum Rodrigues, 52 anos, pelo crime de maus-tratos cometidos contra o próprio marido, um servidor público aposentado do Banco Central (Bacen), 49 anos. A denúncia foi registrada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) pelas duas filhas e por um filho da mulher, que relataram as agressões e colheram provas, como fotos e vídeos.
O inquérito foi enviado ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que decidirá se aceita ou não a denúncia. Caso seja aprovada, o processo segue para a Justiça. Se o tribunal for favorável, Maruzia torna-se ré.
O caso veio à tona na semana passada. A filha mais velha de Maruzia procurou o Correio na quinta-feira (9/9) para relatar o caso. Na segunda-feira (13/9), a reportagem trouxe detalhes de uma rotina de abusos sofridos há anos pelo servidor aposentado. Em entrevista exclusiva ao Correio, o irmão da vítima, Alfredo Nunes, 54, admitiu que a família jamais teve ciência dos maus-tratos e afirmou que a mãe entrou com pedido de guarda.
Como consta no documento de indiciamento da PCDF, Maruzia apresentou um atestado médico de 15 dias para não prestar depoimento. Segundo ficou constatado pela Polícia Civil, a mulher “oferece sérios riscos para a vítima pelos motivos expostos”. “Além disso, verifica-se que a autora submete a vítima a forte pressão psicológica, o que faz temer por represálias e, somada à sua vulnerabilidade, provavelmente se recusar a confirmar os fatos nesta delegacia.”. Maruzia foi indiciada no art. 136 do Código Penal, que tem pena de dois meses a um ano.
O caso
Em relatos contundentes, três filhos decidiram denunciar a própria mãe por agressão, maus-tratos e cárcere privado cometidos supostamente contra o marido, o padrasto deles. A situação foi piorando, até que os filhos perceberam que o padrasto passava a maior parte do dia dopado, deitado em uma cama, sem conseguir fazer as atividades básicas do dia a dia, como colocar comida no prato e tomar banho.
“Ele ficou submisso a ela e falava para nós que minha mãe só estava cuidando dele e só queria o bem. Mas aí iniciaram-se as agressões. Ela já fechou a mão dele na porta do carro por várias vezes. Quando chegávamos em casa, tinha panela quebrada e ele sempre com marcas pelo corpo. No período em que morei com eles, tinha vezes que nem água ela queria comprar e começou a faltar tudo, e não entendíamos o porquê”, afirmou uma das filhas.
Maruzia e o marido moravam em Portugal e vieram para Brasília em julho, quando ela passou por um cirurgia estética. A mulher alugou um apartamento em um condomínio de Águas Claras, onde permaneceria até a recuperação. Enquanto estava internada no hospital, os filhos decidiram visitar o padrasto e o encontraram em uma situação crítica. No imóvel, os enteados encontraram várias caixas de remédios guardados em um armário, entre eles rivotril, medicamento utilizado no tratamento de distúrbios de ansiedade, como síndrome do pânico, ansiedade social, entre outros.
Em 8 de setembro, um dia depois do feriado, uma viatura da Polícia Militar e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionadas para ir até o endereço. Durante o atendimento do Samu, ficou constatado pelas equipes que a vítima estava sob efeito de superdosagem medicamentosa, como consta no próprio boletim policial.
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